Lisboa é a cidade com maior concentração de Instituições de Ensino Superior, e por sinal, de estudantes de Ensino Superior no nosso país, e uma das maiores do Sul da Europa.
Na capital portuguesa estão atualmente fixadas 64 Instituições de Ensino Superior, das quais 36 se regem pelo ensino Universitário, 25 pelo ensino Politécnico e três pelo ensino superior policial e militar. Ao todo, na nossa cidade, estudam cerca de 153 mil estudantes (sensivelmente mais 83 mil do que na segunda maior cidade, a cidade do Porto) dos quais 50.000 são estudantes deslocados (quase 40% do total de inscritos).
A população universitária representa, portanto, uma parte significativa do tecido social da capital do nosso país, contudo durante muitos anos os governantes da nossa cidade sempre olharam com grande equidistância para a vida universitária lisboeta.
Alguns, mais desconfiados, podem até achar que este desinteresse e falta de visão das forças da capital com a população universitária se deve maioritariamente ao facto de uma grande parte dos estudantes da cidade não estarem recenseados na cidade. Por outras palavras, o voto destes eleitores não tem impacto na definição do rumo da cidade. Visão esta que deve ser contrariada, pois a população universitária estudantil na cidade representa quase 28% do total de habitantes da cidade de Lisboa.
São bem conhecidos os entraves enfrentados pelos estudantes deslocados que pretendem estudar nas grandes cidades no nosso país. Em Lisboa, o aumento exponencial das rendas e a insuficiência de residências estudantis faz com que, para muitos, estudar aqui nem seja uma opção. Neste âmbito, durante muitos anos a inércia do Governo da cidade foi incontornável. Apesar dos primeiros frutos do trabalho contínuo já se começarem a fazer sentir, a insuficiência de alojamento estudantil a preços acessíveis em Lisboa é algo que merece ser uma prioridade absoluta para todos os partidos que se apresentarem a eleições em setembro de 2025.
A valorização das tradições académicas, à semelhança do que acontece noutras cidades como Coimbra e no Porto, é igualmente algo que deve ter a devida atenção. Nestas cidades os eventos culturais têm um impacto económico muito positivo para a comunidade no geral. No Porto, por exemplo, a Queima das Fitas movimenta cerca de 28 milhões de euros na cidade, sendo um dos maiores acontecimentos económicos e sociais da cidade e da Área Metropolitana do Porto. O potencial de um evento desta dimensão numa cidade, com uma população estudantil quase duas vezes superior, como Lisboa é incalculável.
A comunidade universitária também pode servir um papel importante na dinamização de algumas áreas mais empobrecidas da cidade, promovendo iniciativas de responsabilidade social que visem não só a população universitária mas a comunidade em geral. Já existem várias estruturas que desenvolvem este tipo de projetos, contudo acreditamos que ainda não existem apoios suficientes da autarquia para que este tipo de atividades possam atingir o seu máximo potencial.
Exemplo maior da importância que a envolvência da comunidade estudantil pode ter na cidade foi na recente edição da Jornada Mundial da Juventude, onde todas as Associações e Federações Académicas da capital colaboraram com voluntários e recursos próprios para a execução do projeto. Estas estruturas tiveram um contributo relevante no sucesso final do evento, e serve como testemunho sobre o potencial que a participação estudantil pode ter na construção de uma melhor cidade de Lisboa.
Lisboa tem todas as condições para, doravante, se tornar numa cidade que não acolhe apenas estudantes, mas que aprende com eles, tornando assim todo o município verdadeiramente preparado para os desafios do futuro. Com as eleições autárquicas que se avizinham, a comunidade lisboeta e as forças políticas que se apresentarem a eleições vão ser convidadas a refletir sobre este tema. Se querem que Lisboa seja uma verdadeira "Cidade Universitária" ou uma "Cidade com Universidades".
Lisboa não existe sem as Instituições de Ensino Superior, mas só quando existir verdadeiramente uma visão simbiótica e integrada entre a cidade e a “universidade” podemos verdadeiramente ter uma "Academia de Lisboa".