Os jovens são ativos politicamente?
Nós temos muito a perceção de que os jovens estão muito alheados da política. E quando dizem isso, eu penso que uma das coisas que está mais presente é, obviamente, a chamada participação eleitoral – o voto. De facto, se olharmos para os jovens entre os 18 e os 24 anos, esse segmento da população vota muito menos do que os mais velhos. Agora, a verdade é que quem estuda essas coisas sabe que o voto não é nem de perto, nem de longe a única forma de se ser ativo politicamente, de participar politicamente, de procurar influenciar as decisões políticas. E quando nós olhamos para outras formas de participação política - petições, participação em protestos, ou, por exemplo, boicotar um determinado produto por razões de natureza política -, nós verificamos que esse diagnóstico muda completamente. Tendo em conta essas formas de participação, os jovens não participam menos do que os mais velhos em Portugal.
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“Os jovens votam menos? O discurso dos políticos concentra-se nos temas dos mais velhos. Isto cria alheamento”
Sim, as gerações mais jovens votam menos que os seus antecessores- tal como os seus congéneres europeus. Em parte devido a um certo descrédito do sistema partidário, mas sobretudo pela falta de representatividade nas instituições democráticas, que não respondem aos seus problemas. “Quando os temas de uma campanha se concentram em impostos e pensões", é natural "os jovens acharem que aquilo não tem nada a ver com eles”, diz-nos Pedro Magalhães, politólogo e sociólogo. Mas na base deste aparente afastamento também há questões demográficas. Esta é a terceira de uma série de entrevistas sobre quem é, o que quer e o que pensa a geração entre os 15 e os 35 anos