Estávamos no princípio de 1973 em Nampula, Moçambique. Tinha sido colocado no quartel-general da Região Militar de Moçambique, após ter comandado, durante cerca de 18 meses, uma campanha na ZOT (Zona Operacional de Téte), onde, naturalmente, não chegava qualquer jornal.
O meu primeiro contacto com o Expresso deu-se casualmente. Ao passar pelo quiosque perto da messe de oficiais, deparei com um jornal com um título e um aspeto visual que despertou a minha atenção.
Fiquei leitor assíduo desde os primeiros números de tal modo que às segundas-feiras, ao fim da manhã, quando jornal ali chegava, a compra do Expresso era obrigatória e a sua leitura feita com alguma sofreguidão. Se a memória não me falha, são desse tempo as análises políticas e económicas feitas por Sá Carneiro e Sarsfield Cabral, além das notícias sobre a Ala Liberal na Assembleia Nacional e os artigos de Pinto Balsemão e Miller Guerra.
Quando, em maio de 1973, terminada a comissão de serviço, regressei à metrópole, continuei a adquirir o Expresso onde quer que me encontrasse. A leitura do jornal tornou-se um ato obrigatório. É feita uma síntese objetiva dos acontecimentos da semana, além dos artigos de opinião, normalmente sensata, dos seus colaboradores.
Calma no Verão Quente
Estou a recordar-me do ano de 1975, especialmente no período entre o 11 de março e o 25 de novembro, em que o Expresso, passando ao lado das notícias sensacionalistas e do tamanho gráfico desmesurado dos títulos na quase totalidade dos órgãos de comunicação social escrita, conseguia, de forma calma, sintética e rigorosa, informar os seus leitores do que se passava no país. Não que algumas vezes, e em casos de pormenor, pudesse haver alguma falta de rigor na utilização da terminologia castrense, o que é perfeitamente desculpável.
Mas - e há sempre um "mas" - fiquei chocado quando o Expresso publicou, a propósito da posição da hierarquia da Igreja Católica sobre o uso do preservativo, uma caricatura do Papa João Paulo II, o que motivou que não tivesse adquirido o jornal durante 3 ou 4 semanas. Foram os únicos números do Expresso que não li, já lá vão decorridos 38 anos.
José N. Celorico
Coimbra
- A opinião dos leitores
- Um apoio na vida pessoal e profissional, por Almor Serra
- O Expresso só à 2ª (ou mesmo à 3ª de manhã), por Santiago Macias
- Velhos problemas muito atuais, por Raul da Silva Pereira
- Papel por todos os cantos da casa, por Margarida Cunha
- Saudades de outros tempos, por João Bernardo Lopes
- Uma pedrada no charco, por João Pinto
- O medo de contar verdades incómodas, por António Silva Carvalho
- Leitura com música, por José Rodrigues Franco
- Em busca do humor, por Maria José Azevedo
- 'Conselhos' do Expresso para negócios de família, por José Manuel Bastos