Trabalho

"Para o Governo só quem faz barulho merece atenção": trabalhadores dos impostos "desiludidos e preocupados" com programa de Montenegro

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos "está desiludido" com o programa do Governo por “serem propostas valorizações salariais para todos, menos para as carreiras inspetivas da Autoridade Tributária e Aduaneira”

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/ Lusa

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) disse, esta quarta-feira, que "está desiludido e preocupado" com o programa do Governo apresentado pelo novo executivo, segundo um comunicado.

A estrutura sindical explicou que a sua posição se justifica pelo facto de "serem propostas valorizações salariais para todos, menos para as carreiras inspetivas da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT)".

Segundo o STI, "para o Governo só quem faz barulho é que merece atenção", reconhecendo que "a valorização de professores, médicos, enfermeiros, oficiais de justiça, bombeiros e forças de segurança é mais do que justa".

No entanto, lamentou, "carreiras nucleares para as funções do Estado, como as carreiras inspetivas da AT, ficarem afastadas da recuperação de poder de compra e com tabelas salariais piores do que tinham no século XX é totalmente inadmissível".

"Não compreendemos a posição do Governo nem a da nossa diretora-geral que podia e devia ter um papel público de defesa da dignidade dos gestores e inspetores da AT", disse o sindicato.

"Primeiro fomos sucessivamente denominados de 'Autoridade Extorsionária', num claro sinal de desrespeito pela Autoridade Tributária e Aduaneira e pelos seus trabalhadores, isto em duas campanhas eleitorais consecutivas, e nem uma palavra do Presidente da República, do Governo ou da diretora-geral para nos defender", lamentou Gonçalo Rodrigues, presidente do STI.

"Agora somos tratados como função menor do Estado", sublinhou, acrescentando que "a justiça fiscal é cada vez menor e o investimento na AT não garante aos trabalhadores as condições necessárias à obtenção de bons resultados no combate à fraude e evasão fiscal, à criminalidade económica e à corrupção".

Para o presidente do STI, "o investimento na AT é um investimento em Portugal, na Justiça Fiscal e, sobretudo, na defesa da classe média e dos mais necessitados".

O Programa do Governo da Aliança Democrática (AD) foi hoje aprovado, em Conselho de Ministros, na véspera de dois dias de debate no parlamento, na quinta-feira e sexta-feira.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmou que o documento tem como base o programa eleitoral da AD, mas incorpora "mais de 60 medidas de programas eleitorais de outros partidos com representação parlamentar".