O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, admite que será “fácil” a próxima decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), em setembro, com o mercado a esperar um corte das taxas de juro, sobretudo depois da publicação das atas da última reunião.
“Quando olhamos para os dados parece-me relativamente claro qual é a trajetória que as taxas na área do euro têm que ter”, defendeu Centeno no programa BdP Podcast, esta terça-feira.
O governador aproveitou o podcast do banco central para dar a sua leitura das principais conclusões do encontro de Jackson Hole, no estado norte-americano do Wyoming, que se centrou no tema da política monetária, e no qual Centeno também participou.
“A área do euro, desde que começou o ciclo de subida de taxas, cresceu 0,7% e isto compara com 4,9% para os Estados Unidos. É um sacrifício muito maior na Europa ter ganho a batalha sobre a inflação em termos da atividade económica do que aquilo que acabou por acontecer nos Estados Unidos”, comentou Centeno.
“É verdade que há caminho a fazer, mas também é verdade que temos que ter a noção de que a posição da política monetária neste momento aponta para um aperto financeiro que mesmo com as próximas reduções que possam existir nas taxas de juros se vão manter. (…) Não é a partir do momento em que a taxa começa a cair que a situação se altera. Portanto, todos temos que ter noção disso”, advertiu Mário Centeno.
“A mensagem que o presidente Powell trouxe teve algumas novidades e outras tantas confirmações”, afirmou ainda o governador do BdP.
Centeno defende serem “bastantes” e “significativas” as lições que se podem retirar do encontro no Wyoming.
O governador notou que os dados económicos devem ser analisados pela sua trajetória, sendo que no caso da zona euro essa trajetória tem sido marcada por um alívio da inflação rumo aos 2%.