Sistema financeiro

Banco de Inglaterra mantém juros em 5,25%, não seguindo cortes do BCE e do Banco da Suíça

Uma maioria substancial de sete votos no comité de política monetária do Banco de Inglaterra decidiu esta quinta-feira adiar, uma vez mais, o primeiro corte nos juros. A taxa manteve-se em 5,25% e o banco garantiu que não foi condicionado pelo facto de o Reino Unido ter eleições antecipadas a 4 de julho

Peter Macdiarmid/Getty Images

O comité de política monetária do Banco de Inglaterra (BoE) decidiu esta quinta-feira manter a taxa diretora em 5,25%, com 7 votos a favor de não mexer nos juros contra 2 que pretendiam já um primeiro corte de 25 pontos-base.

Deste modo, o BoE não seguiu as decisões do Banco do Canadá e do Banco Central Europeu que aprovaram este mês um primeiro corte dos juros, nem do Banco Nacional da Suíça, que optou esta quinta-feira por um segundo corte na taxa diretora.

A maioria dos decisores do BoE considera que subsistem dois problemas: a inflação nos serviços em maio ainda estava em 5,7%, e a perspetiva é que a inflação global, que desceu para 2% em maio, “suba ligeiramente no segundo semestre do ano”.

O sentimento maioritário no banco central da libra esterlina é que a política restritiva (com os juros claramente acima da inflação esperada) terá de se manter “por um período suficientemente longo” até que “se dissipe” o risco de a inflação se “entrincheirar” acima de 2%.

O BoE garante que a decisão de não mexer nos juros não foi condicionada pela crise política no país, com eleições legislativas antecipadas marcadas para 4 de julho. “As eleições gerais de 4 de julho não foram relevantes para a decisão”, afirma-se no comunicado oficial.

O BoE iniciou o ciclo de aumento dos juros em dezembro de 2021, quando começou a subir as taxas, então em 0,1%, até chegar a 5,25% em agosto de 2023, quando encerrou a vaga de subidas.

A decisão foi tomada esta quinta-feira num contexto em que a inflação global em maio abrandou para 2% (o objetivo de política monetária) e a inflação subjacente (excluindo as componentes mais voláteis do índice de preços no consumidor) desceu para 3,5%.

A inflação global britânica está abaixo da registada na zona euro (que subiu em maio para 2,6%), mas a subjacente está muito acima, apesar de ter subido na zona euro para 2,9% no mês passado. A inflação nos serviços, apesar de estar em trajetória descendente, ainda registou em maio 5,7%.

A próxima reunião realizar-se-á a 31 de julho, mas os mercados de futuros apontam para um primeiro corte só em agosto.

Suíça volta a surpreender os mercados

A decisão do BoE ocorre no mesmo dia em que o Banco Nacional da Suíça voltou a surpreender com um segundo corte sucessivo dos juros, baixando a taxa diretora para 1,25%, e o Banco da Noruega decidiu manter os juros em 4,5%, antecipando que não deverá iniciar o ciclo de corte das taxas até final deste ano.

Ainda esta semana, entre as grandes economias do mundo, os bancos centrais da Austrália, Brasil (que decidiu interromper o ciclo de cortes de juros), China e Indonésia optaram por não mexer nos juros.

Em junho já se realizaram 29 reuniões de política monetária em todo o mundo, com 18 bancos centrais a optarem por manter as taxas e 11 a decidirem iniciar (como foram os casos do Banco do Canadá e do Banco Central Europeu) ou continuar um ciclo de descida dos juros (caso da Suíça).

Recorde-se que, entre as reuniões mais importantes de bancos centrais já realizadas este mês, a Reserva Federal norte-americana (Fed) optou por adiar, uma vez mais, o início das descidas dos juros, com os mercados de futuros a apontarem para um primeiro corte em setembro e um segundo em dezembro, enquanto as projeções dos próprios membros da Fed só admitem uma descida.