Não houve momentos tensos, nem perguntas demasiado duras, nem respostas polémicas que motivassem contestação. Muitas vezes houve só repetição de ideias já anteriormente transmitidas. Mário Centeno tinha sido chamado pelo Chega para uma audição parlamentar há mais de um mês, tal a polémica gerada com o ministro das Finanças devido aos prejuízos operacionais do Banco de Portugal, mas na sala da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública não houve grande animosidade.
O governador já teve momentos tensos no Parlamento - e as posições públicas não têm sido propriamente em sintonia com Joaquim Miranda Sarmento -, mas na sessão parlamentar, para onde foi acompanhado do seu chefe do gabinete, Álvaro Novo, a tranquilidade dominou. A alta pressão estava guardada para a sala ao lado, onde a secretária de Estado da Mobilidade defendia a indemnização de 80 mil euros que recebeu da CP em 2015, antes de ir para o regulador dos transportes - no fim da audição, o PS apontou para a sua saída de funções.
Já com Mário Centeno, foram mais de duras horas e meia em que não enfrentou grandes obstáculos na sua ida ao Parlamento esta quarta-feira, 19 de junho, apenas as habituais críticas de vários partidos, mas sem o fulgor de outros tempos. A exceção foi o PSD, que pela voz do deputado Alberto Fonseca foi deixando críticas mais duras ao governador nas questões que ia colocando, nomeadamente queixando-se dos dividendos que a autoridade bancária agora não dá ao Orçamento do Estado, ao contrário do que acontecera quando o atual governador era ministro das Finanças.
Aos resultados operacionais negativos, os deputados tinham juntado o plano de atividades do Banco de Portugal como tema da audição e, numa sessão sem grande tensão, o governador – que tem insistido num papel do Banco de Portugal como orientador das políticas públicas – teve espaço para distribuir alertas.
Houve advertências aos bancos, que precisam de ser mais cautelosos; ao ministro das Finanças e partidos políticos, que devem ter em conta excedentes orçamentais entre 1% e 2%; aos jovens que querem comprar casa, pelo risco de incumprimento caso avance uma garantia para o crédito à habitação como a desenhada pelo Governo; e até ao Novo Banco, que pode ser colocado em tribunal pelo Fundo de Resolução.