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Pedro Coelho: “Entraram em cena empresários que não percebem patavina de jornalismo, são patos-bravos que só servem interesses próprios”

Em entrevista ao Expresso, o responsável pela organização do Congresso dos Jornalistas que arranca esta quinta-feira fala do estado do jornalismo em Portugal - da precariedade crescente, do ritmo frenético, da necessidade de falar “sem tabus” do financiamento e da problemática entrada em cena dos “patos-bravos”

Pedro Coelho é presidente da comissão organizadora do 5.º Congresso dos Jornalistas
TOMAS ALMEIDA

“Todo o edifício do jornalismo tem de ser reconstruído. Por isso temos um antes e um depois do Congresso”, diz Pedro Coelho, presidente da comissão organizadora do 5.º Congresso dos Jornalistas, que arranca esta quinta-feira em Lisboa.

Apesar de não acreditar em “milagres” e reconhecer a tendência da classe para o fatalismo, o jornalista da Grande Reportagem SIC com 35 anos de carreira reitera a extrema importância de “um discurso de unidade e um discurso de mudança”. “O Congresso não vai resolver nada. Vai apenas unir-nos em direção à construção de um novo caminho. E nós estamos desesperadamente a precisar de unirmo-nos em direção à construção desse novo caminho.”

Em entrevista ao Expresso, fala do estado do jornalismo e antecipa o 5.º Congresso dos Jornalistas, que decorre até domingo no Cinema São Jorge. Em cima da mesa estarão temas como a inteligência artificial, o acesso na profissão e o jornalismo de proximidade, onde a “realidade negra” é ainda pior. Mas não só.

Nos últimos meses temos acompanhado a situação alarmante da Global Media, que culminou na semana passada na greve de 24h. Qual a importância deste congresso acontecer, principalmente no momento em que acontece?
Há coincidências absolutamente infelizes, mas marcantes. O que aconteceu com o Grupo Global Media foi um elemento mobilizador do Congresso. Ou seja, é péssimo, absurdo e dramático que isto esteja a acontecer, mas antes desta crise tínhamos 180 inscritos e saltamos para mais de 600. Creio que a classe verdadeiramente percebeu que um congresso, mesmo não podendo vir a ser nada de milagroso, pode seguramente servir para unir a classe, [que é] muito deslaçada, que anda muito arredada, que é muito individualista.