A Volkswagen (VW) está a equacionar o fecho de fábricas na Alemanha, pela primeira vez nos seus 87 anos de história, num esforço para cortar custos e sobreviver à transição para a mobilidade elétrica.
A notícia, que circula por toda a imprensa europeia desde o final da manhã desta segunda-feira, dá conta de que a empresa pretende alcançar uma redução de custos da ordem dos 10 mil milhões de euros até 2026.
Oliver Blume, presidente-executivo do Grupo Volkswagen, referiu, segundo a agência Reuters, que um ambiente económico difícil, novos concorrentes na Europa e a queda da competitividade da economia alemã, tudo conjugado, acabou por obrigar a empresa a tomar estas medidas.
“Dia negro” para os trabalhadores da Volkswagen
As reações não se fizeram esperar e os líderes sindicais ligados aos trabalhadores do grupo lamentaram um "dia negro" acusando o conselho de administração da empresa de intensificar seu "programa de austeridade".
O sindicato alemão IG Metall classificou o anúncio da VW como uma decisão irresponsável que "abala a fundação" da empresa, que é o maior empregador industrial da Alemanha e a maior construtora automóvel europeia.
Entretanto, a responsável pelo conselho de trabalhadores da VW na Alemanha, Daniella Cavallo, disse numa entrevista na intranet da Volkswagen, citada pela agência Reuters, que a administração havia tomado "muitas decisões erradas" nos últimos anos, incluindo a falta de investimento na produção de carros híbridos ou a falta de rapidez no desenvolvimento de carros elétricos a preços acessíveis.
A mesma responsável disse ainda que, em vez de encerramentos de fábricas, o conselho de administração da VW deveria estar a “reduzir a complexidade de processos, aproveitando as sinergias do grupo Volkswagen”.
O Expresso tentou saber junto da Volkswagen Autoeuropa, se a decisão do grupo poderá vir a ter algumas consequências na fábrica instalada em Palmela mas não obteve qualquer reação da parte da administração. Uma fonte da Comissão de Trabalhadores adiantou, entretanto, ao Expresso, que a decisão agora tornada pública para as fábricas na Alemanha não deverá ter impacto na unidade industrial que o grupo VW detém em Portugal.
(Notícia atualizada às 17h00)