A Efacec anunciou em comunicado o cancelamento da assembleia geral de obrigacionistas agendada para amanhã, dia 12 de setembro, por estar a afinar um pré-acordo com melhores condições para os obrigacionistas do que o que estava em cima da mesa.
“O pedido de cancelamento realizado pela Efacec resulta do facto de ter sido alcançado um acordo com uma maioria significativa dos obrigacionistas quanto a uma revisão da proposta de alteração dos termos e condições das obrigações, que deveria ser votada na Assembleia, em termos mais favoráveis para os obrigacionistas, o que torna a ordem de trabalhos da Assembleia desatualizada”, diz a empresa numa comunicação publicada na sua página eletrónica.
Uma nova Assembleia Geral de obrigacionistas será marcada para votar o novo acordo que terá sido alcançado.
No comunicado a Efacec não refere quais os termos acordados mais favoráveis aos obrigacionistas.
Recorde-se que a dívida ascende a 58 milhões de euros e na convocatória do conselho de administração da Efacec era proposto aos acionistas um corte de 50% na dívida, além da suspensão dos juros entre o dia 23 do passado mês de julho e a data de maturidade da emissão, dia 23 de julho de 2024, quando vencem juros a pagar aos obrigacionistas.
Entretanto ficou também a saber-se que a Autoridade da Concorrência não precisa de se pronunciar sobre a venda da Efacec porque a empresa não tem quota de mercado superior a 30% nos diversos segmentos de atividade, ao contrário do que se esperava.
Venda depende de acordo com os obrigacionistas e banca
Para o processo de venda acordado com o fundo alemão Mutares, é preciso que os credores obrigacionistas viabilizem um corte na dívida, à semelhança do que está a ser negociado com a banca.
Aos obrigacionistas era pedido um corte de 50% e a suspensão dos juros a pagar até 2024. Será num destes tabuleiros que o novo acordo será revisto, segundo apurou o Expresso.
Os bancos credores de 115 milhões de euros concedidos já depois da nacionalização da Efacec, a saber a CGD, Novo Banco, Montepio, BPI e BCP, parecem estar alinhados no perdão de dívida, que poderão rondar os 50%, mas só o farão se os obrigacionistas também o fizerem.
A assembleia geral de obrigacionistas estava marcada para dia 7 de agosto, foi desconvocado por falta de quórum e na impossibilidade de se ter realizado a 31 de agosto estava agendada para dia 12 de setembro.
Tudo suspenso até nova assembleia geral de obrigacionistas.
Recorde-se ainda que um grupo de pequenos obrigacionistas associados da Maxyield, aconselhou os obrigacionistas a chumbar o corte de 50% da dívida que foi contraída para financiamento da Efacec em 2019 e vencerá em julho de 2024.
Um valor que até agora ainda não foi esclarecido por nenhuma das partes envolvidas, governo, Efacec e a Parpública, onde ficou estacionada a participação de 71,73% nacionalizada à investidora Isabel dos Santos em 2020.
Aliás o ministro da Economia, António Costa Silva, tem referido sempre que os números finais da venda da Efacec ao fundo alemão Mutares ainda não estão "completamente apurados", reiterando que só vai falar de valores quando o processo estiver concluído.