Finanças pessoais

Negócio das seguradoras encolhe 1,9% em 2023 empurrado pelos PPR

Em 2023 a produção de seguros em Portugal resvalou 1,9% em termos globais para 11,8 mil milhões de euros. O ramo vida foi o responsável pela queda de 14,3% enquanto os ramos não vida registaram um crescimento de 10,4%

Margarida Correa de Aguiar

O negócio dos seguros em Portugal resvalou 1,9% em 2023 e para isso contribuiu a queda de 14,3% do ramo vida, sobretudo por causa da diminuição registada nos PPR (menos 66,3%).

No mesmo período, segundo dados da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), os montantes pagos subiram 12,1%, tendo neste caso contribuído quer o ramo Vida, quer os ramos Não Vida, com 12,7% e 11%, respetivamente.

Os montantes pagos no ramo Vida passaram, como explicou a ASF presidida por Margarida Corrêa de Aguiar, a “reportar na informação estatística apenas os montantes pagos em vez de custos com sinistros, como em anos anteriores”, o que faz com que “a taxa de acréscimo […] tenha de ser analisada como pressuposto que os valores apresentados em dezembro de 2021 e 2022 respeitavam a custos com sinistros, incluindo, portanto, a variação da provisão para sinistros”.

Os dados do negócio segurador, esta quarta-feira divulgados, dão nota de que “os montantes pagos das empresas nacionais representam 92,5% do total do mercado e as sucursais (seguradores UE) os restantes 7,5%”.

No total, os prémios relativos às empresas a operar em Portugal ascenderam a 10,12 mil milhões de euros, já o montante das sucursais da UE totalizaram a 820 milhões de euros, o que representou em ambos os casos uma subida face aos prémios pagos em 2022.

O mesmo não se aplica à produção global já que neste caso se verificou um decréscimo do mercado como um todo, com a queda de produção em Portugal e um crescimento ligeiro das sucursais de seguros a operar em Portugal.

No que diz respeito ao volume de carteiras de investimento das empresas de seguro verificou-se um decréscimo de 0,7% para 50,4 mil milhões de euros. O volume das provisões técnicas ascendeu a 42,6 mil milhões de euros.

Os rácios provisórios de requisito de capital mínimo e de requisito de capital de solvência situaram-se em, 546% e 203%, respetivamente, correspondendo a um aumento de 29 pontos percentuais e de seis pontos percentuais, respetivamente, face a igual período de 2022.

Doença e acidentes de trabalho crescem

No ramo não Vida a produção de seguro direto caiu 14,3% para 5,1 mil milhões de euros, com destaque para a queda na venda de Planos Poupança Reforma (PPR) que decresceram 66,3%.

No ramo Vida, os Planos Poupança Reforma (PPR) registaram no total do mercado um decréscimo de 11,5% face ao mesmo período de 2022, tendo também o seu peso na composição do ramo Vida rondado os 25%.

Nos ramos não Vida a produção de seguro direto ascendeu a 6,6 mil milhões de euros, tendo para isso sido responsável os ramos de doença que cresceram 16,7% e os acidentes de trabalho que subiram 11%, com um peso na estrutura da carteira de 20,3% e 17,1%, respetivamente.

A ASF sublinha também que os ramos Incêndio e Outros Danos e Automóvel registaram crescimentos de 10,5% e 8,4%.