Finanças pessoais

Dinheiro dos portugueses em depósitos a prazo atingiu em novembro um máximo de mais de seis anos

Bancos conseguem recuperar metade dos depósitos perdidos no arranque de 2022, graças aos depósitos a prazo. Empresas têm menos dinheiro aplicado em depósitos

Maskot

Os bancos portugueses já não tinham tanto dinheiro de clientes aplicado em depósitos a prazo desde julho de 2017 como o que ali estava estacionado em novembro passado, de acordo com os dados que o Banco de Portugal publicou esta terça-feira, 2 de janeiro.

Desde agosto deste ano que os depósitos com prazo acordado (na sua maioria, com uma parcela muito reduzida de depósitos com pré-aviso) têm vindo a disparar, chegando em novembro a 93,3 mil milhões de euros, um valor que representa um crescimento de 10,6% em relação ao mesmo mês de 2022, e que comparam com os 90,1 mil milhões registados em outubro deste ano.

O crescimento parece ser uma resposta à melhoria dos juros pagos pelos bancos nos depósitos a prazo, com taxas a superar os 3,5% de remuneração anual no início de dezembro, contrastando com os juros próximos de zero que ainda havia no início do ano. As taxas de juro dos novos depósitos pagos em novembro serão divulgadas na próxima sexta-feira pelo Banco de Portugal.

Recuperada metade dos depósitos perdidos

Foram os depósitos a prazo que fizeram com o que o volume de depósitos de particulares colocados nos bancos nacionais chegasse aos 178,2 mil milhões de euros em novembro, um crescimento de 3 mil milhões face a outubro (ainda que seja uma quebra de 2,2% em termos homólogos). Ainda assim, é preciso recuar a janeiro do ano passado para encontrar um volume mais elevado.

Aliás, o histórico do Banco de Portugal revela que a recuperação de depósitos alcançada em novembro compensa já mais de metade da fuga de aplicações registada desde dezembro de 2022, quando havia mais de 182 mil milhões aplicados em depósitos por particulares – foi ali que se verificou o início da tendência descendente de depósitos, em parte com os clientes à procura de alternativas face à reduzida remuneração de depósitos (que ocorreu ao mesmo tempo que cresceram as aplicações em certificados de aforro).

Houve uma quebra do stock até maio, quando caiu para menos de 174 mil milhões de euros, mas desde aí o montante de depósitos tem vindo a subir (foi em junho que o Governo cortou a remuneração dos certificados de aforro) com os bancos a subir de forma mais acentuada os juros.

Assim, dos mais de 8,5 mil milhões de euros de depósitos “perdidos”, já foram recuperados 4,5 mil milhões de euros.

Aliás, esta recuperação também se percebe com as comparações do atual volume de depósitos em relação ao que existia um ano antes. Como referido, a quebra homóloga da carteira é de 2,2%, e desde abril que não havia um deslize tão ligeiro.

Empresas com menos depósitos

“O stock de depósitos das empresas nos bancos residentes totalizava, no final de novembro, 64,2 mil milhões de euros, menos 1,1 mil milhões de euros do que em outubro. Estes depósitos apresentaram um decréscimo anual (-0,7%), o que não acontecia desde janeiro de 2016”, segundo adianta a autoridade bancária.

O volume de depósitos de empresas tem estado nos valores históricos mais elevados de sempre nos últimos anos (o pico foi em dezembro de 2022), mantendo-se estável na casa dos 60 mil milhões de euros, tendo agora a primeira quebra homóloga em quase oito anos.