O esforço financeiro das famílias com crédito à habitação continua em máximos de mais de uma década, espelhando o aumento rápido das taxas diretoras pelo Banco Central Europeu (BCE) no último ano.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta quinta-feira, 17 de agosto, a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação foi de 3,878% em julho, em máximos de abril de 2009. O disparo face à taxa calculada para junho foi de 22,9 pontos base, mês em que se tinha cifrado nos 3,649%.
A taxa de juro implícita nos créditos à habitação é calculada pelo INE com base nos juros vencidos no mês em questão e no capital em dívida ao início desse mês, isto é, antes da amortização. É um indicador que pretende refletir o esforço financeiro das famílias na totalidade dos créditos concedidos para várias finalidades relacionadas com habitação (construção, aquisição, e obras de reabilitação).
O esforço financeiro continua a aumentar de forma muito substancial para quem deve ao banco. A prestação média voltou a subir em julho: nesse mês foi calculada pelo INE nos 370 euros, mais 9 euros do que em junho. Quem tem crédito à habitação pagava, em julho deste ano, em média mais 106 euros do que há um ano - uma subida de 40,2% face a julho de 2022.
E os juros, quando no mês homólogo significavam apenas 17% da prestação, em julho deste ano representavam mais de metade - 55% - da prestação média, ou 204 euros. Os restantes 45%, ou 166 euros, referiam-se a capital amortizado. O capital médio em dívida também cresceu: subiu 259 euros para os 63.555 euros.
Nos contratos de crédito à habitação celebrados nos últimos três meses (entre abril e junho) verificou-se uma subida da taxa de juro nas prestações vencidas em julho para os 4,173%, quando no mês anterior tinha-se fixado nos 4,132%. O registo de julho é o mais elevado desde abril de 2012, realça o INE.
Nestes contratos, registou-se uma queda de 5 euros em julho comparativamente ao mês anterior para os 604 euros. Estes 604 euros, face ao que se pagava em média há um ano para contratos semelhantes, significam uma subida de 42,1% da prestação média. O montante médio em dívida destes contratos foi, em julho, de 123.098 euros, um disparo de 528 euros face a junho.