As famílias voltaram a aumentar o investimento em certificados de aforro em maio, último mês de comercialização da série E, que foi descontinuada a 2 de junho, sendo lançada a nova série F, com uma taxa de remuneração mais baixa.
Os dados publicados esta quarta-feira pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP indicam que as subscrições líquidas (ou seja, deduzidas de resgates) de certificados de aforro ultrapassaram os 2,2 mil milhões de euros. Este valor compara com 1,7 mil milhões de euros em abril, mês em que se tinha registado um forte abrandamento das subscrições líquidas, depois do pico acima dos 3,5 mil milhões em março.
Considerando os cinco primeiros meses do ano, as famílias aplicaram, em termos líquidos, 12,9 mil milhões de euros em certificados de aforro. Número que levou o stock total de investimento neste instrumento de financiamento do Estado, destinado a captar o aforro dos particulares, a atingir os 32,6 mil milhões de euros, um novo recorde.
A corrida aos certificados de aforro marcou o último ano, já que a remuneração deste produto ultrapassou, em muito, o retorno médio dos depósitos bancários.
Na série E - que esteve em comercialização até ao passado dia 2 de junho - a taxa de juro base correspondia à Euribor a três meses acrescida de um ponto percentual, com um teto de 3,5%. Teto que tinha sido atingido desde março deste ano. E a que se somavam ainda prémios de permanência.
Uma corrida que ultrapassou em muito o previsto pelo Governo, sendo uma das razões que levou o Executivo a encerrar a série E, lançando a nova série F, com remuneração mais baixa (a taxa-base máxima é agora de 2,5%), e prémios de permanência cortados para menos de metade nos primeiros nove anos de investimento.
Esta quarta-feira, no Parlamento, o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, elencou essas razões, repudiando as acusações da oposição de que o Governo cedeu às pressões da banca para baixar a renumeração dos certificados de aforro, por causa do desvio de depósitos bancários para este instrumento financeiro.
Segundo o governante, “estava-se a assistir a um aumento do valor de subscrição de forma muito relevante”. E deu números. “As subscrições acima de 50 mil euros foram mais de 60% do valor subscrito no primeiro trimestre” deste ano, disse o secretário de Estado das Finanças. Essas subscrições foram feitas por “15% dos investidores”, adiantou João Nuno Mendes.