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Lucro dos CTT quase duplica para €60,5 milhões, com as encomendas a animarem as contas de 2023

As vendas dos CTT aumentaram 78,6 milhões de euros em 2023 para 985,2 milhões de euros, num ano em que o lucro subiu 66,2%. Segmento Expresso e Encomendas foi o que mais contribuiu para as receitas no último trimestre, o que aconteceu pela primeira vez na história da companhia. Dividendos subiram para 17,5 cêntimos

João Bento, CEO dos CTT
Joao Girao

2023 revelou-se um ano positivo para os CTT. Os Correios, hoje 100% privados, viram os lucros consolidados quase duplicar, ao aumentarem de 36,4 milhões de euros em 2022 para 60,5 milhões de euros em 2023, anunciou esta terça-feira a empresa, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Os números espelham o crescimento: os rendimentos operacionais atingiram 985,2 milhões de euros em 2023, mais 78,6 milhões do que em 2022 (+8,7%).

Melhoria que se irá traduzir num aumento dos dividendos. A administração vai propor à Assembleia Geral um dividendo maior aos acionistas, subindo o valor dos 12,5 cêntimos por ação para 17 cêntimos. Há mais planos neste contexto, os CTT tem em curso um programa de recompra de ações próprias, planeia avançar com uma redução do seu capital social.


Crescer em Espanha e olha para outras oportunidades

Para este ano, os CTT querem "manter o foco na expansão da presença no mercado ibérico de expresso e encomendas de modo a tirar proveito da crescente tendência do comércio eletrónico em Portugal e Espanha". E afirmam que irão "oportunidades de crescimento inorgânico que possam existir", nomeadamente nos segmentos de logística.

Apesar de ter crescido em número de trabalhadores, num saldo positivo de 1.164 efetivos, os Correios fizeram rescisões amigáveis com 116 trabalhadores em 2023 e vão fazer mais em 2024. Os CTT tencionam rescindir com mais 200 trabalhadores em 2024. Para o efeito, fizeram uma provisão de 13,4 milhões, resgistada em 2024. Os CTT fecharam o ano passado com 13.670 trabalhadores.

Em franca expansão, o segmento Expresso e Encomendas deu um grande contributo as contas, com mais 81,6 milhões de euros (31,5%). Contribuíram também o Banco CTT, com mais 21,8 milhões de euros (+17,3%) e os serviços financeiros e retalho (+2,1 milhões de euros e 3,4%). Numa trajetória oposta continua o segmento dos Correios, onde houve uma quebra de 26,8 milhões de euros (-5,8% ).

"Pela primeira vez na história dos CTT, no quarto trimestre, o Expresso e Encomendas foi o negócio que mais contribuiu para as receitas e para o EBIT recorrente", salienta a empresa liderada por João Bento. Este segmento, que expandiu muito com a pandemia, representou em receitas 340,6 milhões de euros, aproximando-se do segmento do Correio que faturou 434,1 milhões de euros.

Para o crescimento das Encomendas é relevante também a presença em Espanha, onde os CTT se tem expandido. "A nossa operação neste país já é maior do que a portuguesa e mais rentável”, disse ao Expresso em dezembro, João Bento.

Menos animado anda o correio, que faturou menos 26,8 milhões de euros, uma tendência de emagrecimento, que se tem mantido. As receitas do correio normal decresceram 6,2 milhões (-4,7%), no correio azul recuaram 1,3 milhões de euros (-16,3%) e no correio verde de 0,4 milhões (-4,4%). Em perda generalizada, houve uma descida nas restantes linhas de negócio: correio editorial (- 700 mil euros), correio publicitário (menos 4,5 milhões de euros), encomendas do serviço universal e filatelia (menos 100 mil euros).

Banco CTT chega às 647 mil contas

No Banco CTT, cujo plano é voltar crescer este ano, os rendimentos aumentaram para 147,7 milhões em 2023, avança a empresa, explicando que estes foram sustentados na margem financeira de 98,8 milhões de euros, que cresceu 24,4 milhões de euros, mais 32,9% que no período homólogo. Uma melhoria de desempenho, que os CTT dizem acontecer "graças ao crescimento das carteiras de crédito auto e habitação" e à "evolução favorável das taxas de juro".

"O Banco CTT continuou a crescer tendo em vista atingir os objetivos de 2025, impulsionado pelo sólida expansão da base de clientes", diz. No final de 2023, os Banco CTT tinha 647 mil contas (+45 mil do que em dezembro de 2022) e viu aumentar em mil milhões o volume de negócios. O objetivo para este ano é crescer para as 700 a 750 mil contas.

Os Correios avançam ainda que os serviços financeiros e retalho registaram rendimentos de 62,8 milhões de euros em 2023, "fruto do excecional contributo dos títulos de dívida pública" e especialmente dos certificados de aforro, no primeiro semestre de 2023. Situação que se inverteu com a descida da taxa de juro oferecido pelo Estado. "A partir de junho as alterações das características do produto e a concorrência dos depósitos bancários levaram a uma quebra", reconhece.

O cash flow operacional situou-se em 114,4 milhões de euros em 2023, mais 14,9 milhões do que no trimestre homólogo.