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‘Patrões’ dos media afastam apoios públicos diretos mas propõem várias medidas

O Expresso ouviu os empresários, gestores e acionistas de alguns dos mais importantes grupos de comunicação social em Portugal. Entre as propostas que apresentam há incentivos fiscais e ao nível da Segurança Social, aposta na literacia mediática, recurso a fundos europeus, publicidade institucional ou gratuitidade da Lusa

TIAGO MIRANDA

Nem nacionalizações nem apoios públicos diretos. Conscientes da fragilidade do sector dos media, que a crise da Global Media colocou a nu, os gestores e detentores de alguns dos maiores meios de comunicação social privados em Portugal elencam uma lista de medidas para ajudar a financiar o jornalismo e até os jornalistas individualmente. Entendem ser necessário atuar, mas recusam um papel direto do Estado, de forma a garantir a independência, numa altura em que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, diz que “este é o momento” de chegar a um “entendimento de regime” e em que quase todos os partidos políticos advogam a necessidade de medidas para reduzir o sufoco.

Numa altura em que arranca o quinto congresso dos jornalistas, que decorre até domingo, há propostas em discussão como a de ter fundações a apoiar o jornalismo de investigação ou a possibilidade de os municípios deterem órgãos de comunicação social. Ouvidos pelo Expresso, Mário Ferreira (Media Capital), Luís Santana (Medialivre, antiga Cofina), Francisco Pedro Balsemão (Impresa), João Günther Amaral (Sonae), Marco Galinha (Global Media), António Carrapatoso (“Observador”) e Luís Delgado (Trust in News) propõem um vasto leque de apoios que passam por um novo enquadramento fiscal, pela gratuitidade dos conteúdos da Lusa, pelo combate ao ‘roubo’ de notícias, pelo recurso a fundos europeus ou pela aposta na literacia mediática.

Problema de difícil resolução

Como resolver a erosão de receitas que há anos marca o dia a dia das empresas do sector em Portugal, num mercado pequeno e em disputa com os poderosos motores de busca (Google) e redes so­ciais? A questão não é nova, é estrutural e de difícil resolução, mas nunca como por estes dias se falou tanto de crise no jornalismo, à boleia dos graves problemas que estão a dilacerar o grupo Global Media, detentor do “Jornal de Notícias”, “Diário de Notícias”, TSF e “O Jogo”.