O propósito do Governo espanhol de colocar o Estado numa posição de influência no capital social da companhia Telefónica, a mais importante multinacional espanhola, está a fazer aflorar uma batalha ideológica e política cujo alcance no tempo se torna difícil de determinar. Frente às razões argumentadas pelo Executivo para salvaguardar o controlo de uma empresa de alto valor estratégico, representantes de sectores liberais da sociedade chamam a atenção para os riscos de ações intervencionistas por parte do Estado na atividade privada.
Na terça-feira, dia 19, à última hora da tarde – para esperar pelo fecho dos mercados de valores –, foi conhecido o anúncio de que o Governo presidido por Pedro Sánchez (Partido Socialista Operário Espanhol, PSOE, centro-esquerda) havia encarregado a Sociedade Estatal de Participações Industriais (SEPI), de adquirir 10% das ações da Telefónica. A SEPI, que funciona como braço executor da política industrial pública espanhola, deverá prever um desembolso de entre 2000 e 2200 milhões de euros, em função da evolução do valor dos títulos da sociedade, que foi privatizada em 1997. Na sessão bolsista de quarta-feira, dia 20, as ações da Telefónica abriram com uma subida superior a 7%, que se foi moderando até aos 3,23% deixando o valor em 3,68 euros por ação.