As investigações internas que estão a ser feitas no grupo Altice na sequência da Operação Picoas, que investiga uma alegada teia de corrupção envolvendo fornecedores do grupo ligados ao co-fundador Armando Pereira, já têm conclusões. O grupo de Patrick Drahi, dono da Altice Portugal, onde se iniciou a investigação, diz em comunicado que a quase totalidade os fornecedores visados já foram afastados.
"A Altice International e a Altice France confirmam que os fornecedores potencialmente implicados representavam aproximadamente menos de 2% das despesas totais da Altice France e menos de 6% das despesas totais da Altice International", avança em comunicado a empresa. Um documento onde diz que os 6% da Altice International se verificam "principalmente em Portugal".
A Altice lembra que foi em meados de junho que tomou conhecimento de que o Ministério Público estava "a investigar alegações de práticas prejudiciais e má conduta de certos indivíduos e entidades que afetam a Altice Portugal e as suas subsidiárias, e que nessa sequência, o grupo tomou "medidas corretivas imediatas (...) incluindo o reforço da supervisão dos processos de aquisição e a suspensão de determinados trabalhadores que tinham potenciais ligações à má conduta sob investigação". Houve vários administradores suspensos, entre eles o antigo presidente da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, e o administrador, João Zúquete. Afastado da direção de compras da Altice USA foi também Yossi Benchetrit, genro de Armando Pereira, e que está desaparecido.
O processo de limpeza dos fornecedores visados está praticamente concluída, diz a Altice em comunicado. "Até à data, a Altice International e a Altice France concluíram substancialmente estas transições de acordo com o plano e terão concluído o plano de transição na íntegra até ao final de 2023".
A Altice afirma ainda que "não é expectável um impacto material nas contas da Altice International e da Altice France". As contas da Altice deverão ser apresentadas no dia 21 de novembro.
Dona da MEO é assistente no processo
A Altice Portugal assume-se "como vítima deste caso, no seu estatuto de ofendida" é assistente no processo cujo inquérito está a ser conduzido pelo Ministério Público em Portugal, conforme foi publicamente divulgado em 26 de outubro de 2023.
"Assim, considerando que a investigação das autoridades portuguesas está em curso, a Altice International e a Altice France continuarão a ter em conta todos os factos e circunstâncias disponíveis, que possam ser relevantes para determinar medidas adicionais de investigação e tomar decisões internas e externas que sejam necessárias para salvaguardar os seus direitos em cada uma das geografias que operam", afirmam em comunicado.
A investigação interna dentro do grupo, esclarecem as empresas em comunicado, contou com a colaboração "dos escritórios Ropes & Gray e DLA Piper France foram designados como advogados externos a nível global, tendo o suporte de escritórios externos de advogados a nível local em cada jurisdição e a assessoria de especialistas foremces (Ernst & Young e Accuracy), para realizar esta revisão e analisar a causa das alegadas condutas".