A Sonae fechou os primeiros nove meses do ano com lucros de 135 milhões de euros, 35,7% abaixo do ano passado, mas com as vendas a crescerem 10%, para os 6 mil milhões de euros, puxadas pela MC (Continente), anunciou esta quarta-feira o grupo liderado por Cláudia Azevedo.
Nos destaques do desempenho, o grupo refere que a descida dos lucros é explicada por um conjunto de fatores, “traduzindo o apoio às famílias, o aumento dos custos financeiros e dos impostos, e o investimento na expansão e digitalização dos negócios”, refere o comunicado enviado à CMVM - Comissão de Mercado de Valores Mobiliários.
O EBITDA somou 581 milhões de euros (+7%), com a margem a diminuir 0,3 pontos percentuais, em termos homólogos, uma quebra que a empresa atribui “aos esforços contínuos para absorver parte da pressão inflacionista, sobretudo nos formatos de retalho alimentar”.
Investimento acelera
Mas o investimento acelerou. Atingiu 467 milhões de euros em 9 meses (+10%) e 642 milhões considerando os últimos 12 meses, o que representa um salto de 11%, a combinar expansão orgânica e aquisições. E o investimento operacional na expansão dos negócios cresceu 28%.
Um dos investimentos mais recentes do grupo passa pela criação da Sparkfood, dedicada a “investir em empresas inovadoras que desenvolvem soluções alimentares sustentáveis e saudáveis”. A nova empresa conta já com cinco investimentos realizados, todos internacionais e um capital investido de 110 milhões de euros.
No retalho alimentar, “a MC apresentou, mais uma vez, um forte desempenho (…) num contexto de elevada inflação alimentar”, refere o comunicado.
“Num ambiente altamente competitivo, a empresa conseguiu manter a sua posição de liderança, com vendas a crescerem 9,6% no terceiro trimestre (8,7% numa base comparável), impulsionadas quer pelos formatos alimentares quer pelos não alimentares, ultrapassando os 4,8 mil milhões de euros em nove meses (+11,8% face ao período homólogo)”, diz o comunicado sobre a MC, que investiu 197 milhões de euros e abriu 39 novas lojas próprias, a par de remodelações, otimização de infraestruturas tecnológicas e logísticas.
No retalho de eletrónica, o volume de negócios total da Worten atingiu 880 milhões de euros (+5,2%), com o canal online a representar mais de 15% deste valor. “Este desempenho das vendas resultou em ganhos de quota de mercado, com a Worten a continuar a reforçar a sua posição de liderança no mercado”, sublinha o comunicado, precisando que o crescimento abrange os canais online e offline.
Zeitreel cai 4%
No retalho de moda, as marcas da Zeitreel “continuaram a enfrentar um ambiente macroeconómico desafiante, agravado pelas condições climáticas anormais”, o que se refletiu numa quebra homóloga de 4%, para os 266 milhões de euros.
No setor imobiliário, a Sierra melhorou o seu desempenho operacional em todas as suas áreas de negócio, conduzindo a um aumento de 50% em termos homólogos do resultado direto, para 48 milhões e a um aumento de 21% no resultado líquido, para 54 milhões.
No seu portefólio europeu de centros comerciais, as vendas dos lojistas registaram um crescimento de dois dígitos quando comparadas com o ano passado e com o período pré-pandemia, puxadas pelo aumento do número de visitantes e por taxas de ocupação 0,5 pontos percentuais acima, nos 98%.
Bright Pixel com mais 6 empresas
Nas tecnologias, a Bright Pixel, com 40 empresas em todo o mundo, reforçou alguns investimentos e registou “um ligeiro aumento do NAV (net asset value, em inglês, valor patrimonial líquido, em português) para 332 milhões de euros, e do capital investido no portefólio ativo, para 167 milhões”, diz o comunicado. Desde o início do ano, a empresa investiu 33,5 milhões de euros e expandiu o seu portefólio com 6 novas empresas.
Nos serviços financeiros, as equipas da Universo continuaram a trabalhar no desenvolvimento da parceria com o Bankinter Consumer Finance para a criação de um novo player de referência no crédito ao consumo em Portugal, que deverá estar concluída antes do final do ano, precisa a Sonae. “A Universo continuou a apresentar um desempenho operacional resiliente, em linha com os trimestres anteriores, com uma produção total de 719 milhões de euros e um volume de negócios total de 36 milhões (+34%).
Nas telecomunicações, “a NOS apresentou um sólido desempenho operacional e financeiro” e fechou setembro com um volume de negócios de 1,2 mil milhões de euros (+5,3%).
No conjunto de atividades e operações de aquisição e venda, o grupo refere, a conclusão, já em outubro, da alienação da sua participação na ISRG, por 300 milhões, a par da concretização das parcerias para a criação do operador líder no retalho de saúde, bem-estar e beleza na Ibéria, e do operador dedicado ao crédito ao consumo em Portugal, dependentes, ainda, da aprovação das autoridades regulatórias competentes.
O apoio à comunidade aumentou 11%, para 23,7 milhões de euros, “com destaque para os donativos alimentares e para a promoção da educação na comunidade”, sublinha o texto.
Cláudia destaca controlo da dívida
No habitual comentário ao desempenho da empresa, Cláudia Azevedo destaca que “durante o terceiro trimestre do ano, o contexto macroeconómico continuou a ser marcado pelos efeitos da instabilidade geopolítica, da subida das taxas de juro e de uma inflação persistente, embora em desaceleração”.
“Esta evolução positiva foi impulsionada principalmente pela MC, que consolidou a sua posição de liderança no mercado português de retalho alimentar”, diz a presidente executiva.
Sobre a posição financeira da Sonae, refere que foi “novamente reforçada, com a dívida líquida a reduzir em termos homólogos devido à geração de cash flow operacional e à atividade de gestão de portefólio”: a dívida líquida diminuiu 49 milhões de euros, para 982 milhões
“Olhando para o futuro, e cientes do atual nível de incerteza, devemos permanecer determinados, ousados e ágeis para nos adaptarmos rapidamente aos riscos que se materializem, aproveitarmos as tendências emergentes e capturarmos as oportunidades que surjam”, conclui.