O grupo Global Media, detentor do ‘Diário de Notícias’, ‘Jornal de Notícias’ e TSF, entre outros meios de comunicação social, nomeou a jornalista Rosália Amorim para o cargo de diretora de informação da TSF, e Artur Cassiano para o cargo de subdiretor.

Em comunicado, a administração do grupo fez saber que em reunião com o Conselho de Redação da rádio, “no estrito cumprimento da lei, solicitou o respetivo parecer para a nomeação da nova direção de informação da estação, a ser constituída pelos jornalistas Rosália Amorim e Artur Cassiano, respetivamente diretora e subdiretor”.

Em novembro de 2020 a jornalista tinha assumido o cargo de diretora do Diário de Notícias enquanto Domingos de Andrade acumulava o cargo de diretor-geral editorial da Global Media com o de diretor da TSF, deixando a direção do Jornal de Notícias, entretanto assumida por Inês Cardoso.

Com esta mudança agora anunciada, a direção do Diário de Notícias volta a ser assumida interinamente pelo jornalista Leonídio Paulo Ferreira, explica a Global Media.

As nomeações ocorrem num momento de profunda contestação na rádio, cujos trabalhadores estiveram em greve esta quarta-feira, a primeira em 35 anos de existência. Contestam atrasos no pagamento de salários, a demora na aplicação de ajustes salariais (devido ao aumento da inflação) que foram acordados com a administração e a substituição de Domingos de Andrade do cargo de diretor-geral da rádio por Rui Gomes sem que o Conselho de Redação tivesse sido ouvido.

Os trabalhadores da TSF afirmam que o protesto não deve ser visto apenas como um protesto da rádio – é também um protesto pelo estado a que o jornalismo em Portugal chegou. "Este protesto é hoje aqui da TSF, mas na verdade é um protesto pelo jornalismo em Portugal”, disse o jornalista Filipe Santa-Bárbara.

As mudanças em curso no grupo Global Media são profundas e ainda não totalmente conhecidas. Além de passarem por mexidas nas direções editoriais, levaram também à alteração da administração da empresa, com as entradas de José Paulo Fafe, Diogo Agostinho e Filipe Nascimento e as saídas de Domingos Andrade e António Saraiva.

A Global Media diz ter como objetivo “criar as condições favoráveis à implementação de um ambicioso projeto estratégico com vista ao crescimento”, através de uma expansão “a todo o espaço de língua portuguesa”.

É nesse sentido também que há mexidas na estrutura acionista. Foi noticiada recentemente a entrada de dois novos acionistas na estrutura de controlo da Global Media, que é feito através da Páginas Civilizadas, empresa cujo maior acionista é o empresário Mário Galinha.

Um desses acionistas já foi comunicado oficialmente e está visível no Portal da Transparência dos Media, através do site da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Trata-se do empresário António Mendes Ferreira, que tem uma participação numa das sociedades acionistas da Páginas Civilizadas através da qual assumirá 10% desta empresa.

O outro acionista, a gestora de fundos Union Capital Group (UCAP Group), de capitais norte-americanos e com sede na Suíça, foi noticiado pelo Jornal Económico a 28 de julho, e terá comprado 37% da Páginas Civilizadas, mas essa informação ainda não consta do Portal da Transparência.

A meio de agosto a ERC disse ao Expresso que já tinha pedido informações sobre essa alteração, cujo impacto no controlo do grupo de comunicação social ainda não é conhecido.