Os trabalhadores da TSF, reunidos em plenário, decidiram esta segunda-feira marcar uma greve de 24 horas para o dia 20 de setembro. A decisão é divulgado num comunicado em que a paralisação é justificada por um “reiterado ‘desrespeito’ pelos profissionais dos vários setores da rádio, por parte da Administração da Global Media Group, culminando, na semana passada, com o afastamento do Diretor da TSF”.
“Depois de uma diminuição contínua dos recursos da Rádio por responsabilidade de várias administrações, constata-se que também o atual Conselho de Administração (CA) não cumpriu os compromissos que assumiu, seja em relação ao investimento, seja pela não aplicação da proposta de ajustes salariais e do aumento do subsídio de refeição retroativo a janeiro de 2023”, explicam os trabalhadores em comunicado.
O plenário dos trabalhadores “repudia a falta de resposta da Administração relativamente a este processo de negociação” salarial. “Acresce que nos últimos meses, ocorreram casos de atraso no pagamento de salários, situações inadmissíveis agravadas, no caso do último mês, pela total ausência de aviso prévio ou justificação por parte da administração.”
Os trabalhadores dizem “não compreender e estranhar" o afastamento do diretor Domingos de Andrade e a nomeação do sucessor, Rui Gomes, “sem que fosse ouvido o Conselho de Redação da TSF”. “A estranheza adensa-se quando a Administração avança com esta substituição, no momento em que afirma querer promover ‘um processo de consulta, reflexão e análise, extensível a todas as áreas do grupo, e que será um passo fundamental para a elaboração e conclusão do Plano Estratégico Global.’”
“O plenário de trabalhadores da TSF reitera a total confiança e solidariedade na atual Direção e, em especial, no Diretor Domingos de Andrade que, desde que assumiu funções, tem mantido um escrupuloso respeito pela autonomia e pela liberdade editorial da redação, privilegiando, acima de quaisquer outros, o valor da notícia, de acordo com os princípios éticos do Código Deontológico”, concluem.
Esta greve surge ainda poucos dias depois da saída de Domingos de Andrade (e ainda de António Saraiva, ex-presidente da Confederação Empresarial de Portugal) do conselho de administração, tendo José Fafe, Diogo Agostinho e Filipe Nascimento entretanto sido nomeados para o órgão.
Marco Galinha, empresário dono do grupo BEL que detém a maioria do capital, manterá a presidência do grupo, numa altura em que a estrutura de controlo do grupo de comunicação social sofreu alterações.
Galinha tornou-se recentemente o maior acionista da Páginas Civilizadas, com 50,2%, empresa que por seu lado detém a maioria do capital da Global Media. Posteriormente a Páginas Civilizadas passou a ter outro acionista, o empresário António Mendes Ferreira, com 10%. E foi ainda noticiada pelo Jornal Económico a entrada de outro acionista, a gestora de fundos Union Capital Group (UCAP Group), de capitais norte-americanos e com sede na Suíça. Esta entidade terá comprado 37% da Páginas Civilizadas mas esta informação ainda não foi confirmada à Entidade Reguladora para a Comunicação Social – ERC, que já pediu informações sobre o assunto, e desconhece-se por isso que alterações implica no controlo do grupo.