A União Europeia (UE) vai pressionar a China a reduzir os obstáculos às exportações europeias numa reunião que irá ocorrer em setembro, revelou o comissário do Comércio, Valdis Dombrovskis, em entrevista ao “Financial Times”.
A pressão ocorre após o défice comercial da UE com a China ter atingindo quase 400 mil milhões de euros no ano passado. Um défice que o comissário classificou como “impressionante" por ter duplicado em dois anos.
No ano passado, as exportações do bloco europeu para a China pouco se alteraram (230 mil milhões de euros), enquanto as importações cresceram para 626 mil milhões de euros, mais de um quinto do total das importações europeias.
“A relação comercial China-UE é muito desequilibrada. A China está a ter um enorme superavit comercial”, disse Dombrovskis. “E o nível de abertura do lado chinês não é o mesmo que o nível de abertura do lado da UE”, continuou.
Nos Estados Unidos a postura é semelhante. A representante comercial dos EUA, Katherine Tai, disse que a China deve corrigir a relação comercial “desequilibrada”, que é “prejudicial” para a economia americana.
Os EUA usaram tarifas e proibições de exportação para tentar mudar a abordagem de Pequim. Contudo, Dombrovskis enfatizou que deseja manter boas relações com a segunda maior economia do mundo pois reconhece o domínio da China a nível de tecnologia ‘verde’.
Bruxelas admite subir tarifas
“Precisamos encontrar maneiras de cooperar com a China enquanto abordamos os riscos e possíveis dependências estratégicas”, afirmou.
Contudo, se os problemas não forem resolvidos, Bruxelas pode seguir uma estratégia semelhante à norte-americana.
Adicionalmente, o comissário criticou o anúncio de Pequim neste mês de restrições à exportação de gálio e germânio, metais usados em semicondutores, veículos elétricos e uma série de produtos de telecomunicações. “Agora estamos fazendo uma análise detalhada das disposições e seu impacto potencial nas cadeias de suprimentos e nas indústrias da UE", notou.
“A China beneficiou enormemente com sua adesão à OMC [Organização Mundial do Comércio], mas muitas das práticas chinesas estão, na verdade, a distorcer essa igualdade de condições (…). É importante que a China esteja a cooperar com a reforma da OMC porque é um dos maiores beneficiários da OMC, e também deve ser do interesse da China que o sistema continue a funcionar”, concluiu.