A Farfetch, empresa de comércio eletrónico de vestuário e acessórios de luxo fundada pelo português José Neves, fechou 2022 com um lucro de 344,8 milhões de dólares (324 milhões de euros ao câmbio atual), menos 76,5% do que no ano anterior.
Considerando apenas o quarto trimestre, a Farfetch contabilizou um prejuízo de 176,7 milhões de dólares (166 milhões de euros), que compara com o lucro de 96,9 milhões de dólares (ou 91 milhões de euros) alcançado no quarto trimestre de 2021.
A empresa obteve no ano passado receitas recorde de 2,31 mil milhões de dólares (o equivalente a 2,18 mil milhões de euros), com um crescimento de 3% face a 2021, ou de 12% se forem descontadas as variações cambiais.
No entanto, o aumento mais acentuado de custos levou a Farfetch a piorar o seu resultado operacional, negativo em 847 milhões de dólares (796 milhões de euros), 78% pior do que em 2021.
Segundo a Farfetch, ao nível dos custos administrativos, as poupanças de custos conseguidas com os cortes de pessoal acabaram por ser anuladas pelo aumento das perdas cambiais e perdas em hedging, bem como por custos associados à consolidação de negócios adquiridos no ano passado, e encargos de marketing.
A empresa também viu a sua estrutura de custos aumentar por via de maiores encargos com amortizações (nomeadamente em relação a uma parceria com a Reebok e também relacionados com investimento tecnológico). E os pagamentos a funcionários em ações da empresa também penalizaram mais os gastos da Farfetch no ano passado.
Numa base ajustada, o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) passou de 1,6 milhões de dólares em 2021 para um valor negativo de 98,7 milhões de dólares (92,8 milhões de euros).
A margem EBITDA deteriorou-se de 0,1% em 2021 para -4,9% em 2022. Para 2023 a Farfetch está a projetar uma margem EBITDA de 1% a 3%.
No comunicado de resultados o fundador e presidente da Farfetch, José Neves, disse estar “orgulhoso” por reportar que a empresa conseguiu, apesar dos ventos contrários, apresentar crescimento numa base livre de efeitos cambiais. O gestor sublinhou que a empresa ganhou quota de mercado ao longo dos últimos três anos.
“A Farfetch entra em 2023 como um negócio significativamente mais eficiente, na sequência da nossa reorganização estratégica e da racionalização de custos”, acrescentou José Neves.
O mesmo responsável disse ainda que “a missão de ser uma plataforma global de luxo é agora mais relevante do que nunca”.
A Farfetch foi uma das primeiras startups criadas em Portugal a alcançar o estatuto de “unicórnio”, ao ficar avaliada, nas suas rondas de angariação de investidores, em mais de mil milhões de dólares. Atualmente tem uma capitalização bolsista equivalente a 1,8 mil milhões de euros.