Portugal foi um dos campeões da Europa na melhoria das qualificações da sua população. Entre 2001 e 2021, a percentagem de jovens na faixa etária dos 25 aos 34 anos com ensino superior concluído passou de 14,1% para 47,5%. Um aumento que se materializou não apenas num reforço de competências técnicas, mas também da literacia, da ciência ou das competências comportamentais, essenciais no mercado de trabalho. Daniel Traça, antigo reitor da Nova SBE e atual diretor da ESADE Business School, em Barcelona, chama-lhe “a geração mais bem preparada de sempre”, mas admite que o país falhou na estratégia para a reter e potenciar.
No livro “Ambição - Preparar Portugal para a geração mais bem preparada”, de que é autor com Paulo Ferreira, e que é lançado esta segunda-feira, Daniel Traça analisa por que motivos este aumento exponencial das qualificações dos portugueses não se traduziu em crescimento económico e produtividade. Entre 2000 e 2022, o PIB per capita do país cresceu 0,5% na primeira década e 1,1% entre 2010 e 2019. Para comparação, tinha crescido 3,1% na década de 80 e 2,4% na década de 90 do século passado.
A sustentar o fraco desempenho do país está, segundo Daniel Traça, a falta de estratégia e de ambição para alavancar o talento em cuja informação o país investiu. Nesta entrevista fala dos desafios estratégicos para o país, do papel dos profissionais, das empresas, do Estado e das lideranças para o desafio de fazer Portugal crescer e ganhar mundo.