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Imobiliário

Estamos à beira de uma crise no mercado imobiliário?

Num contexto crise inflacionista e aumento dos juros, analistas afastam possibilidade de quebra abrupta dos preços da habitação

A falta de oferta de imóveis está a segurar os preços, segundo os analistas
Vítor Andrade

Os sinais de alerta chegam de todo o lado e indicam que podemos estar à beira de uma crise no sector imobiliá­rio, especialmente na sua vertente residencial. Porém, os analistas ouvidos pelo Expresso afastam, para já, a possibilidade de uma crise provocada pela subida dos juros. Admitem correções de preços, sobretudo no mercado de imóveis usados, salientam a descida das transações (ver gráficos), mas consideram que Portugal está longe das quebras de preços registadas na Alemanha ou noutros países do Norte e Leste da Europa, como a Suécia.

Hugo de Almeida Vilares, professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, afasta a hipótese de crise, porque os fundamentais do mercado não apontam nem para uma grande queda de preços nem para a possibilidade de uma ‘bolha’ especulativa. “O que leva ao aumento de preços é o crescimento da procura, que não vai acabar, mesmo que os estrangeiros comecem a comprar menos”, explica o também coautor do estudo “A Crise da Habitação nas Grandes Cidades — Uma Análise”, promovida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS). Ele admite uma correção de preços devido aos efeitos das taxas de juro, mas “não uma queda abrupta”, como aconteceu na crise financeira de 2008. “Também não existe a realidade que está por detrás de uma bolha imobiliária — em que a oferta ultrapassa largamente a procura, dando origem a ‘cidades-fantasma’ e prédios inacabados”, acrescenta.