“Após uma sucessão de anos desafiantes no Douro, com vagas de calor prolongado e baixas produções, estamos neste momento bem posicionados para uma das campanhas com maior qualidade dos últimos tempos”, afirma Charles Symington, diretor de produção da Symington Family States, no comunicado de vindima da maior proprietária de vinhas do Douro.
A previsão de temperaturas máximas que não deverão ultrapassar os 30º C e noites frescas nas próximas semanas justifica a expetativa de qualidade nos vinhos da região, em especial no Cima Corgo.
A análise da meteorologia mostra, ainda, que “apesar da onda de calor generalizada no sul da Europa Portugal foi de um modo geral poupado”, comenta o enólogo. “Em julho, as temperaturas estiveram próximas da normalidade e, no Douro, um pouco abaixo da média”, acrescenta.
Virtudes da chuva
No cruzamento do tempo e da vindima, Charles Symington acredita que “as temperaturas moderadas, aliadas a índices razoáveis de humidade nos solos – assegurados pelas chuvas do final da primavera –, têm proporcionado bons níveis de acidez, maturações equilibradas e boa evolução fenólica”.
Com 26 quintas e 1114 hectares de vinha no Douro, 130 dos quais com certificação biológica, a Symington iniciou vindimas nas vinhas em cotas mais elevadas no Cima Corgo a 21 de agosto e destaca “a maturação final dos bagos possibilitada pelas chuvas de 2 e 3 de setembro”.
No balanço que faz do ciclo da vinha, Charles Symington sublinha, ainda, que “este ano tem sido bastante favorável, com chuvas intensas de inverno abundantes a repor as reservas de água nos solos, após um dos anos mais secos de sempre em 2022”.
Na previsão de colheita da campanha de 2023/2024 o IVV – Instituto da Vinha e do Vinho, antecipou um crescimento de 8% na produção, para os 7,4 milhões de hectolitros, sustentado pela maioria das regiões vitivinícolas, com destaque para o Douro, com a maior subida em volume (+ 146 mil hectolitros, correspondente a um aumento de 10%).