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SAD do Benfica pede 35 milhões de euros aos investidores, mas corta juro oferecido para 5,1%

SAD do Benfica repete emissão de obrigações no retalho que faz anualmente. O juro é mais baixo do que na última operação, e agora tenta também adiar o reembolso de títulos que tinham de ser reembolsados em julho

NUNO FOX

Depois do sucesso da emissão obrigacionista da SAD (sociedade anónima desportiva) do Sporting Clube de Portugal, antes da Páscoa, a SAD do Benfica avança para a colocação de obrigações no mercado de retalho.

Para já, o objetivo é alcançar 35 milhões de euros, mas, como tem acontecido nestas transações, o montante final pode subir. A taxa de juro oferecida é de 5,1% para títulos de dívida com prazo a três anos, menos do que a taxa de juro de 5,75% das obrigações lançadas há um ano.

Segundo o prospeto divulgado pela SAD do Benfica esta quarta-feira, 3 de abril, a operação divide-se em duas: a oferta de novas obrigações com prazo a três anos (2024-2027) e a possibilidade de que quem tem obrigações emitidas em 2021 (e que seriam reembolsadas este ano) possa trocá-las por obrigações a serem devolvidas em 2027.

Em causa estão, para já, 7 milhões de obrigações, cada uma com um valor unitário de 5 euros, o que totaliza os 35 milhões de euros de valor da oferta. A operação iniciar-se-á a 8 de abril para terminar a 19 de abril. O investimento mínimo é de 2500 euros (500 obrigações), segundo o prospeto divulgado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A emissão de dívida feita em 2021 foi de 35 milhões de euros, pelo que o objetivo da nova operação é, por um lado, ter dinheiro para pagar essas obrigações e, ao mesmo tempo, empurrar para 2027 o vencimento de obrigações nas mãos dos investidores que aceitarem a troca. Sobrando dinheiro, servirá para “o desenvolvimento da atividade corrente da Benfica SAD”, bem como a “diversificação e otimização das fontes de financiamento e reforço de liquidez”.

Para já, o Benfica espera arrecadar 35 milhões de euros brutos, montante que pode subir, mas o valor do encaixe não será esse, já que tem cerca de 1 milhão de euros a pagar aos bancos e em impostos, bem como custos com consultores, auditores e publicidade, de 212 mil euros, e regulatórios, de 36 mil. “A receita global líquida da Benfica SAD ascenderá a um valor estimado de €33.719.170”, diz o prospeto.

Além da emissão que tenta adiar (2021/2024), e que pagava uma taxa de 4%, a SAD do Benfica tem no mercado a emissão feita em 2022/2025, de cerca de 60 milhões de euros, com juros de 4,6%, e a de 2023/2026, de perto de 50 milhões de euros, com 5,75%.

A operação é semelhante à que foi realizada recentemente pela SAD do Sporting, igualmente com o Haitong Bank como coordenador global, mas, dada a situação financeira mais confortável da SAD do Benfica, o custo é ligeiramente mais baixa.

A taxa fixa da SAD do Sporting foi de 5,75%, a do Benfica está em 5,1%. Inicialmente, a SAD do Sporting pretendia alcançar 30 milhões de euros, tendo depois sido aumentado para 50 milhões tendo em conta a procura que se fez sentir (foi de 66 milhões, no seu todo).