Em cinco anos de operação em Portugal, a Mercadona abriu 49 lojas no país, o suficiente para conquistar uma quota de mercado de 8%. “Estamos muito satisfeitos com Portugal”, assume Juan Roig, presidente do maior grupo espanhol de retalho alimentar, já a antecipar um crescimento na ordem dos 35% nas vendas no país, onde quase duplicou a faturação (+90%) no último exercício: “Fechámos 2023 com um volume de negócios em Portugal de 1403 milhões de euros e este ano vamos abrir mais 11 lojas e devemos chegar aos 1900 milhões de euros”, adiantou na apresentação de contas, esta terça-feira.
“É uma grande satisfação. Em 2023 não perdemos dinheiro em Portugal pela primeira vez e, em 2024, estamos certos de que vamos ganhar dinheiro. O projeto já é rentável”, afirmou o gestor sobre a operação da Mercadona num país onde criou 1800 postos de trabalho no último ano e emprega, atualmente, 5300 pessoas.
O presidente da Mercadona já sabe que tiendas são lojas, muchas gracias é obrigado, tem de se organizar por distritos e muitas outras coisas, mas é preciso “continuar a aprender a ser português”, assume. “Queremos ser portugueses, mas ainda estamos a aprender porque temos de ser muito mais portugueses”, acrescenta.
Se em Espanha, onde está há 40 anos, a empresa ainda tem de ser “mais galega e canária”, em Portugal continua a ter de trabalhar para “aprofundar a sua aposta”. “Temos tido êxito em Portugal, mas está a custar-nos muito. Não avançamos para um terceiro país antes de consolidar muito bem e sabermos que o mercado português está tão dominado quanto o espanhol”, afirmou. “E isso vai dar-nos muito trabalho”, notou.
Investir globalmente 5 mil milhões até 2028
Num ano que marca a entrada do grupo em mais dois distritos, Évora e Guarda, outro destaque da Mercadona no seu primeiro mercado externo é o novo Centro Logístico de Almeirim, para apoiar a expansão no mercado nacional. “Será o maior centro logístico da cadeia e será inaugurado em julho”, adiantou.
Com 5300 trabalhadores e mil fornecedores nacionais, aos quais comprou 1178 milhões de euros no ano passado, a Mercadona prevê investir 196 milhões de euros em Portugal no seu quinto ano de operação, abaixo dos 291 milhões de 2023.
Questionado sobre o resultado das eleições legislativas de 10 de março e o possível impacto no investimento do grupo em Portugal, Juan Roig foi claro: “Acreditamos totalmente na democracia e aceitamos os resultados que saiam das eleições. Trabalhamos com as leis que saiam no país”. Deixou ainda uma mensagem sobre a importância da descida da taxa de abstenção.
Em 2023, a Mercadona faturou 35,5 mil milhões de euros (+15%), criou 5 mil postos de trabalho (104 mil), teve lucros de 1009 milhões (+4’%) e fechou um ciclo de investimentos de 10 mil milhões de euros em sete anos. Até 2028, Juan Roig admite investir mais 5 mil milhões de euros. E, no que se refere ao futuro, mostra-se otimista: “O que vemos é um futuro espetacular”.