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Emprego: está disposto a receber menos?

Cerca de metade dos profissionais inquiridos pela Hays aceitaria um projeto associado a um corte salarial. Mais de 80% estão atentos a novas oportunidades de emprego. Clique para visitar o canal Dinheiro

Ana Pimentel (www.expresso.pt)

Cerca de 68% dos profissionais inquiridos pela empresa de recrutamento especializado Hays acreditam que o mercado laboral enfrenta "um momento difícil". Porquê? Porque desconfiam da economia, há pouca liquidez e muita dívida pública. Apesar de o desemprego português ter registado uma ligeira queda em Junho, situando-se nos 10,8%, menos 0,1% do que em Maio, cerca de 596 mil pessoas permanecem sem trabalho.

Mais de metade dos 3.800 profissionais portugueses que participaram no Guia Salarial da Hays (52,2%) aceitaria um projeto associado a uma redução salarial. Apesar de reconhecerem que o mercado laboral atravessa um contexto económico adverso, os dados apurados pela Hays revelam um misto de prudência e otimismo: "se apenas 11,5% dos profissionais conseguem encontrar boas oportunidades disponíveis, são já 12,8% os que consideram que o mercado começa a ganhar terreno", diz a Hays, em comunicado.

Mais de 80% dos inquiridos considera a hipótese de mudar de emprego este ano, contando com a ajuda de empresas de recrutamento, da sua rede de networking pessoal e da internet. A dinâmica salarial de 2009 pode ser uma das razões. Cerca de 59% dos inquiridos não recebeu qualquer tipo de aumento, representando uma subida de 19,2%, relativamente ao inquérito realizado em 2008. A maioria dos profissionais que viu o seu saldo bancário aumentar não ganhou mais de 3%. Ainda assim, 14,6% consideram que o seu salário atual é adequado ao seu trabalho e 45,8% dizem ser "aceitável". A remuneração variável tem crescido e é calculada, sobretudo, a partir de resultados e objetivos individuais ou da empresa. Esta modalidade compõe, agora, o pacote salarial de 40,8% dos inquiridos.

Os principais motores da rotatividade no mercado laboral são perspetivas de progressão, remuneração e a procura da satisfação pessoal. Contudo, o interesse dos projetos, a insatisfação com a entidade empregadora e a impossibilidade de conjugar a vida pessoal com a profissional são outros dos fatores que contribuem para este mercado.

Falta de confiança

"Para os 67,7% que apelidaram o mercado laboral de "difícil", os principais entraves referidos são a falta de confiança na economia (41,5%) e os baixos níveis de crédito e liquidez (25,3%). Os profissionais apontaram também a quantidade de dívidas públicas (20,3%) e a legislação laboral inflexível (6,5%). A grande maioria (82,5%) dos inquiridos pela empresa de recrutamento especializado está no ativo, sendo que 67,8% recomendaria a sua entidade empregadora a um amigo ou familiar.

De acordo com o Eurostat, a taxa de desemprego do conjunto dos 27 países da União Europeia mantém-se nos 9,6% desde Fevereiro, deste ano, mais 0,6% do que em Junho de 2009. Os jovens são os mais atingidos pelo flagelo: há 20,3% de desempregados jovens na União Europeia. Em Portugal, o número sobe para 21,5%.

Entre 2007 e 2009, surgiram mais 7,8 milhões de desempregados entre os 15 e os 24 anos, em todo o mundo, segundo os dados da Organização internacional do Trabalho (OIT). Só em 2009, existiam cerca de 80,7 milhões de jovens à procura de emprego, o que equivale e uma taxa de desemprego de 13% na população ativa, dos 15 aos 24 anos. Todas as semanas, cerca de 250 mil pessoas procuram oportunidades de trabalho no sítio da Hays.