Em 2019, numa conversa de grupo entre o antigo diretor de compliance (adequação às normas legais) da Binance, Samuel Lim, e um membro da sua equipa, o primeiro assume que “CZ não quer kyc na .com”. Uma mensagem que, convertida para linguagem corrente, significa que os controlos de identidade dos clientes conhecidos como know your customer (KYC) não poderiam ser aplicados na Binance não-americana por falta de vontade de Changpeng Zhao (CZ) de perder esse mercado. Em 2020, Lim reconhece noutra mensagem que “nenhum utilizador virá” se as regras forem demasiado apertadas.
A empresa de transação de criptoativos declarava numa carta de 2019 aos reguladores norte-americanos que a “Binance examina todos os seus clientes antes de iniciar relações comerciais”. Meses mais tarde, em dezembro desse ano, Lim comentava com um funcionário da plataforma que a Binance.com “nem sequer examinava pelo nome ou por sanções" de acordo com as regras de combate à lavagem de dinheiro.
A própria diretora responsável pelo reporte de operações suspeitas de lavagem de dinheiro queixou-se, a dada altura, por mensagem, de que tinha de fazer “um relatório anual falso” para apresentar “ao conselho de administração”, algo que a Binance não tem.
Noutra conversa relativamente a clientes russos, Lim comentou “vá lá, eles estão aqui pelo crime”. A responsável de reporte respondeu: “nós vemos o que é mau, mas fechamos os dois olhos”.