Economia

Cartão das farmácias permite comprar a crédito noutras lojas

A mais recente novidade lançada pela ANF resulta de uma parceria com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e pertence à rede internacional MasterCard

O cartão Farmácias Portuguesas vai permitir fazer compras a crédito noutros estabelecimentos. Como? É que este produto, lançado pela Associação Nacional das Farmácias (ANF), além de fazer parte de uma estratégia de fidelização, também é um cartão de crédito com as mesmas características de qualquer um outro. Resulta de uma parceria com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e pertence à rede internacional MasterCard. Ao utilizar este cartão, o cliente pode diferir o pagamento por 90 dias (no máximo, este período pode ir aos 135 dias) sem pagar juros. Mas atenção que a TAEG (taxa anual efectiva) cobrada a partir desse momento é de 21,8% - em linha com as percentagens usualmente exigidas nos créditos por telefone. Contactada a propósito da venda de remédios a crédito, a Autoridade do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) diz que "o pagamento de um medicamento pode ser total ou parcialmente diferido no tempo, desde que esteja garantido o princípio da livre escolha pelo utente".

João Silveira, vice-presidente da direcção da ANF, frisou o carácter "social" do cartão das farmácias, que irá permitir acumular pontos com cada compra de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) ou de outros produtos à venda na farmácia. Os pontos acumulados têm a validade de dois anos e podem ser utilizados em compras futuras. Os medicamentos sujeitos a receita médica não estão abrangidos pelo sistema de bónus. "Os utentes podem diferir o prazo de pagamento e isso permite-lhes aligeirar o esforço financeiro", refere João Silveira. O facto de se aderir ao cartão de fidelização não obriga a requerer também a vertente de crédito.

A ANF vai gastar 34 milhões de euros com o Programa Farmácias Portuguesas, que pretende dar uma identidade única aos membros da organização liderada por João Cordeiro. Até agora já foram gastos 10 milhões de euros, nos quais se incluem as despesas com a preparação (levou um ano e meio) do cartão de fidelização/crédito.

"Há uma série de estabelecimentos que colam a sua imagem à das farmácias - com a utilização da cruz verde, por exemplo - e confundem as pessoas, que não sabem se aquela é uma farmácia verdeira ou falsa", atirou João Silveira, justificando a necessidade das associadas da ANF partilharem uma mesma imagem. E, dessa forma, atacando também as concorrentes parafarmácias.

O cartão Farmácias Portuguesas foi lançado no sábado e a sua apresentação formal ocorreu hoje na sede da ANF. Segundo dados das últimas 72 horas já existem 690 farmácias aderentes e foram pedidos 17 754 cartões, dos quais o vice-presidente da CGD, Francisco Bandeira, não soube indicar quantos têm a funcionalidade de crédito.

O vice-presidente da direcção da ANF indicou que quer a Autoridade da Concorrência, quer o Infarmed já dispõem de "todos os elementos relativos ao cartão", que tinham sido solicitados pelas duas entidades. E garantiu que a ANF "fez o trabalho de casa". Ou seja, que "todas as questões jurídicas inerentes a esta iniciativa foram devidamente acauteladas".

Uma vez que este cartão implica o tratamento de informação pessoal, a ANF notificou a Comissão Nacional de Protecção de Dados Pessoais (CNPDP) na passada sexta-feira.