A necessidade aguça o engenho e a pandemia acabou por criar uma oportunidade. A portuguesa Arquiled, especializada no fabrico e comercialização de equipamentos de iluminação pública com a tecnologia LED (light emitting dyode, ou díodo emissor de luz), desenvolveu nos últimos meses duas soluções, que quer testar no mercado, para a desinfeção de objetos e espaços fechados com recurso a LED ultravioleta.
O presidente executivo da Arquiled, Miguel Allen Lima, explica ao Expresso que ainda nos períodos de confinamento a empresa refletiu sobre o que podia fazer para ajudar num quadro de pandemia. “Começámos a estudar o efeito ultravioleta como germicida e achámos que havia uma oportunidade”, contextualiza.
A empresa pegou então num equipamento que estava a desenvolver com outra finalidade (a de monitorizar o distanciamento social com recurso a LED ultravioleta) e adaptou-o. Criou um dispositivo que pode ser instalado perto do teto de um espaço fechado (como um elevador ou uma sala), a uma altura suficientemente elevada para que a radiação não atinja as pessoas, mas que possa manter purificado o ar que vai circulando.
Este equipamento, a que chamou Higya Light, tem capacidade para cobrir uma área de 30 m2. Miguel Allen Lima está ciente de que já existem no mercado soluções deste género baseadas em lâmpadas fluorescentes, mas acredita que o recurso aos LED será vantajoso, por apresentarem um tempo de vida superior.
O líder da Arquiled assume que este ainda não é propriamente um negócio, mas sim um teste. “Vamos experimentar o mercado”, refere, apontando empresas e escolas como potenciais interessados neste tipo de solução.
Ao mesmo tempo, a Arquiled desenvolveu um outro produto de desinfeção a pensar nas preocupações pandémicas. Trata-se da Higya Box, uma caixa para desinfeção de objetos pessoais com aparência similar a um micro-ondas. A empresa testou o dispositivo, no qual se introduz determinado objeto durante 90 segundos, como chaves e máscaras contaminadas com o coronavírus. A aplicação da radiação ultravioleta temporizada e controlada permite a inativação de vírus e bactérias. Miguel Allen Lima acredita que este será um produto demasiado caro para conquistar as famílias, por isso a Arquiled tentará posicioná-lo no mercado empresarial.
A empresa, que tem como acionistas a EDP Ventures, a C2 Capital Partners e a Climar Lighting, fechou 2020 com uma faturação de €8 milhões, abaixo dos €10 milhões do ano anterior. “Contamos fechar 2021 com €11 milhões de faturação”, estima Miguel Allen Lima. As receitas estarão maioritariamente em Portugal, já que o mercado internacional (Brasil e Colômbia eram apostas) tem estado a correr “bastante pior” do que era esperado. A Arquiled conta com 62 trabalhadores.