Economia

“Insultuoso, chantagem”: presidente da Groundforce arrasa Pedro Nuno Santos e apela à intervenção de Costa e Marcelo

Em causa está uma proposta apresentada por Alfredo Casimiro ao ministro para resolver a delicada situação da empresa, nomeadamente o pagamentos dos salários dos cerca de 2400 trabalhadores

TIAGO MIRANDA

O presidente do conselho de administração da Groundforce, Alfredo Casimiro, emitiu esta quinta-feira à noite um comunicado em que arrasa o ministro Pedro Nuno Santos, que acusa de inviabilizar uma solução que proteja os trabalhadores da empresa. “A resposta que recebi do senhor ministro das Infraestruturas e da Habituação, Pedro Nuno Santos, à proposta que fiz para viabilizar a Groundforce é insultuosa, uma chantagem e um ultimato inaceitável”, diz Alfredo Casimiro.

O presidente da Groundforce diz que ofereceu toda a sua “posição acionista na Groundforce como garantia de que a Groundforce pagará à TAP todos os adiantamentos necessários para podermos pagar os salários dos trabalhadores e as obrigações mínimas para um normal funcionamento da empresa enquanto não recebemos um empréstimo bancário com aval do Estado, já negociado, de 30 milhões de euros das anunciadas linhas de covid”. “O senhor ministro ignorou a minha proposta e voltou a apresentar a sua primeira proposta, mas agora ainda mais agressiva. Responsabilizo, por isso, o senhor ministro das Infraestruturas e da Habitação por não conseguirmos desbloquear esta situação e pagar rapidamente, como eu queria, os salários dos 2.400 trabalhadores.”

Alfredo Casimiro justifica depois por que motivo não pode aceitar o que Pedro Nuno Santos lhe propôs. “A proposta que o Senhor Ministro me fez hoje responsabiliza-me, só a mim, pela concessão do empréstimo, pelo seu valor e pelas datas de decisão do Governo, não incluindo o penhor das participações da TAP SGPS e da Portugália, que juntas detêm os restantes 49,9%. Não sou eu quem decide quando sairá o empréstimo, porque não sou eu quem decide quando será dado o aval do Estado. Portanto, não posso ser eu sozinho a correr o risco de perder a participação na Groundforce pela incapacidade e pelos sucessivos atrasos do Estado.” E acrescenta: “Para ser claro: o senhor ministro propõe que eu possa perder as minhas ações na Groundforce se o Estado se atrasar na concessão do aval. Isto é inadmissível: quem tem a caneta é ele e quem decide senta-se com ele no Conselho de Ministros. Não sou eu, porque se fosse não estávamos à espera há sete meses”.

O presidente da Groundforce diz ainda que serão os contribuintes a ser penalizados pelo comportamento de Pedro Nuno Santos. “A proposta que fizemos ao senhor ministro Pedro Nuno Santos é a única que protege o dinheiro dos contribuintes e o dinheiro da TAP. Colocando-me sob chantagem, o senhor ministro sabe que não será a Groundforce a pagar o salário dos trabalhadores da empresa e que terá de ser o Estado, eventualmente através de uma nacionalização, a pagar esta conta e todas as outras que certamente virão.”

No final da sua argumentação, Alfredo Casimiro apela a uma intervenção de António Costa e de Marcelo Rebelo de Sousa. “Apelo ao senhor Presidente da República e ao senhor primeiro-ministro para que impeçam este ataque à dignidade dos trabalhadores da Groundforce e aos empresários que, como eu, enfrentam uma crise que não provocaram e da qual são vítimas.”

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