A inovação tem um custo. E a plataforma Alfred SmartCare não foge à regra. “A principal razão do nosso projeto é a nossa dor, o nosso sofrimento. Ao longo do tempo vimos a medicina a evoluir em todas as áreas, mas não para os ostomizados”, refere Jean-Michel Hedreux, responsável pela 11Health para o mercado europeu, pouco depois de se apresentar aos restantes 10 promotores de novos negócios que participam no bootcamp da plataforma Patient Innovation, no pólo da Universidade Nova em Carcavelos.
Todos os 11 projetos do mais recente curso de empreendedorismo da Patient Innovation têm uma característica em comum: foram desenvolvidos a partir de uma ideia original de alguém que sofre de uma doença que ainda não tem solução desenvolvida na indústria. No caso da startup americana 11Health, a ideia surgiu de Michael Seres, um paciente da doença de Crohn, que se submeteu a mais de 25 cirurgias, aprendeu a viver ostomizado, mas que nunca se conformou – até decidir criar a 11Health para desenvolver uma plataforma tecnológica, que recolhe dados a partir de um conjunto de sensores colocados junto dos sacos usados pelos ostomizados - pessoas que convivem com uma abertura artificial no corpo, chamada estoma - para recolherem as fezes, depois de extraída parte do intestino.
Como a 11Health, há muitos outros casos recolhidos pela iniciativa Patient Innovation que revelam que os doentes podem ter tanto ou mais engenho que os cientistas ou engenheiros de profissão. “Há doentes que têm alguns conhecimentos... mas se forem doentes para o resto da vida tornam-se especialistas na doença”, explica Pedro Oliveira, professor na Universidade Nova de Lisboa e na Escola de Negócios de Copenhaga e, juntamente com Helena Canhão, um dos fundadores da Patient Innovation.