Os mercados financeiros abriram esta segunda-feira em colapso depois do início da guerra de preços entre Riade e Moscovo desencadeada este fim de semana.
A queda dos principais índices bolsistas na Ásia esta segunda-feira e a derrocada na abertura das praças europeias aponta para uma segunda-feira negra pior do que o trambolhão de 27 de fevereiro quando a crise do coronavírus provocou perdas diárias à escala mundial superiores a 3% e de mais de 4% em Wall Street.
Na Ásia Pacífico, a bolsa de Tóquio liderou as quedas, com o índice Nikkei 225 a afundar-se 5,4%.
Na Europa, as bolsas de Frankfurt e Londres lideram as quedas, com recuos de 8%. Em Lisboa, o índice PSI 20 perde perto de 4,5%.
A Europa está a caminho de uma tempestade perfeita com a ampliação da epidemia do coronavírus, a fraca resposta europeia de emergência (com a Alemanha a anunciar esta segunda-feira um pacote de apenas 12,8 mil milhões de euros e um adiamento de decisões para a reunião do Eurogrupo de 16 de março) e mais um choque inesperado vindo do mercado petrolífero.
Os investidores viram-se, esta semana, para a reunião de política monetária do Banco Central Europeu que se realizará na próxima quinta-feira.
Risco de deflação nas economias periféricas do euro
Com a inflação em 1,2% em fevereiro, a guerra de preços no petróleo pode agravar um processo de desinflação (redução contínua da inflação) fazendo cair a taxa de inflação na zona euro para 0% em maio, avança esta segunda-feira o Commerzbank numa nota aos investidores. Nas economias periféricas do euro, que registam taxas muito baixas, este processo pode conduzir ao regresso da deflação (queda de preços).
Os futuros do índice S&P 500 em Wall Street estão a cair 5%.
Ao cisne negro do Covid-19, que está a gerar um choque tanto na oferta como na procura mundiais, junta-se, agora, a guerra de preços entre Riade e Moscovo depois do colapso na sexta-feira da aliança entre o cartel da OPEP e a Rússia.
Depois de uma quebra bolsista de 7 biliões de euros em fevereiro, o mês de março arrisca-se a aprofundar a crise financeira.
O preço do barril de Brent, a referência europeia, caiu esta madrugada para 31,27 dólares, um mínimo de 16 anos. Tinha fechado acima de 45 dólares no final da semana passada. A queda inicial foi de 31,5%, pior do que o trambolhão de janeiro de 1991.
Choque petrolífero ao inverso
Esta guerra de preços entre dois dos principais produtores do mundo pode gerar um choque petrolífero ao inverso (com queda brutal de preços em vez de disparo das cotações como nos choques petrolíferos de 1973, 1979 e 1990).
Neste século, já ocorreram dois choques inversos aquando da crise financeira de 2008 com uma quebra ao longo de seis meses que desceu os preços até 32 dólares e durante a revolução do petróleo de xisto nos Estados Unidos em 2015 que levou os preços a mínimos de 27,10 dólares no final de janeiro de 2016.