Economia

MB Way continua a crescer mesmo a pagar. Mas SIBS limita comparações

Mesmo com cobrança de comissão, as operações de compra e de transferências via MB WAY estão a subir acima de 30%, adianta a SIBS e confirmam pelo menos o BCP e o Crédito Agrícola. Contudo, a gestora da rede não faculta dados que permitam comparar esta evolução com ciclos anteriores

O serviço MB Way passou a ter custos para parte dos clientes bancários, mas o número de transferências e adesões continua a crescer. Mas não é possível saber se houve um abrandamento do crescimento ou uma aceleração. Qual o efetivo impacto da introdução de preços para a realização de transferências por este serviço? É uma incógnita. A SIBS, empresa detida pelos bancos que gere o sistema, não faculta esses dados. O BCP e o Crédito Agrícola são os únicos a assumir que, mesmo cobrando, houve crescimento nas transferências. Mas sem quantificar.

Numa primeira resposta dada a perguntas do Expresso sobre a evolução do serviço, a SIBS, liderada por Madalena Tomé, frisou que o MB Way tem “consolidado os níveis de crescimento, em torno dos 13% ao mês”. Tanto as operações de compra como as de transferência, aquelas que são as principais entre os serviços oferecidos, “registam crescimentos superiores a 35%, quer analisando dados desde janeiro deste ano, quer comparando apenas o 1º trimestre deste ano com o 2º trimestre deste ano”.

Só que estes dados não são comparáveis com as evoluções anteriores, pelo que não é possível saber se este crescimento representa um abrandamento face ao que se registou nos ciclos anteriores. E este ano houve uma novidade: a introdução de custos para parte dos clientes.

“A informação que podemos partilhar é que as operações MB Way, incluindo transferências ou adesões, têm crescido continuamente desde o lançamento do serviço”, respondeu a SIBS ao Expresso, depois de questionada pela segunda vez sobre dados que permitam comparar a evolução da utilização deste serviço.

A entidade tem sido parcimoniosa na informação que dá sobre o serviço, sendo que a única referência é que, no espaço de um ano, o serviço passou de 1 milhão para 1,8 milhões de utilizadores. Mas é o único indicador de tendência de crescimento que é facultado.

BCP e Crédito Agrícola dizem que números cresceram após cobrança

A Caixa Geral de Depósitos foi o último banco a anunciar que iria cobrar pelas transferências feitas através do serviço (88,4 cêntimos por transferência na aplicação MB Way, já com imposto do Selo de 4%). Fá-lo-á a partir de 25 de janeiro do próximo ano, mas não é uma estreante. O BPI iniciou as comissões em fevereiro (1,248 euros por transferências fora da sua aplicação), o BCP em junho (1,248 euros por transferências fora da sua aplicação, 52 cêntimos dentro da sua aplicação), o Crédito Agrícola na mesma altura (26 cêntimos), e ainda o Santander Totta (93,6 cêntimos fora e 46,8 cêntimos internas), em setembro passado. Os preços podem esconder alguns níveis de isenção em alguns destes bancos.

Deste grupo de entidades que já cobram, o BCP respondeu ao Expresso a assegurar que o número de transferências através da sua aplicação própria aumentou em setembro: “foi mais do que o dobro do registado em junho”. Uma comparação que pode ter efeitos sazonais, mas que mostra que não houve limitações por conta do novo custo. “Temos cerca de 300.000 utilizadores que aderiram ao MB Way através da app Millennium”, declarou ainda a instituição financeira.

Já no Crédito Agrícola, o número de transferência entre junho, quando começou a cobrar, e setembro, não diminuiu, assegura a assessoria de imprensa. Pelo contrário, registou até um aumento – ainda que não aponte valores concretos.

O Santander Totta, que só começou a cobrar pelas transferências no mês passado e que apenas em julho começou a disponibilizar os serviços MB Way na sua aplicação, diz que regista uma “boa adesão”, mas considera “prematuro” fazer um balanço. O BPI não respondeu.

SIBS desdramatiza aplicações próprias dos bancos

Com esta decisão de impor custos, sobretudo na aplicação MB Way, os bancos querem levar os clientes para as suas aplicações próprias, para que seja aí que façam as suas operações (e poderem também ter aí uma ligação direta a outros serviços – não por acaso, há isenções para os clientes que têm contas que promovem uma relação mais frequente com os bancos). “O facto de vários bancos aderentes estarem a disponibilizar MB WAY também nos seus canais, torna o serviço ainda mais conveniente e acessível, nomeadamente aos clientes com homebanking ou mobile banking”, sublinha a SIBS nas respostas ao Expresso.

O MB Way tem vários serviços, não só as transferências imediatas (onde os bancos decidiram cobrar), mas também nos levantamentos sem cartão, e em compras físicas e online. Tem 1,8 milhões de utilizadores e, por mês, são feitas 5 milhões de transações, segundo os dados da SIBS.