O Novo Banco está na fase final de venda de carteiras de crédito malparado e de imóveis. O preço definido é um terço do valor contabilístico destes ativos. Devido a este preço, as duas operações geraram perdas de 229 milhões de euros para o banco, contribuindo para os prejuízos de 400 milhões do primeiro semestre.
Sertorius, de imóveis, e Albatroz, de malparado e imobiliário em Espanha, são os nomes dos dois projetos de venda de ativos problemáticos. As duas transações visavam ativos cujo valor contabilístico era de 795,8 milhões de euros. Mas o preço acordado para a sua alienação foi de 257,7 milhões de euros.
Ou seja, os compradores – o fundo americano Cerberus, no primeiro caso, e a Waterfall Asset Management, no segundo – pagaram apenas um terço do montante registado no balanço. Por outras palavras, com um desconto de dois terços.
As duas operações deverão ser concretizadas até ao final do ano. A correr está ainda uma outra operação de crédito malparado, de 3,3 mil milhões de euros, que deverá ficar fechada até ao final do ano. E também perdas adicionais deverão vir dessa transação.
Sertorius
Na segunda-feira, o Novo Banco, detido em 75% pelos americanos da Lone Star e em 25% pelo Fundo de Resolução, tinha anunciado a assinatura de um contrato-promessa de compra e venda com a Cerberus de um conjunto de ativos imobiliários “com um valor bruto contabilístico de 487,8 milhões de euros”. Esta carteira é “composta por 195 imóveis agregados, que se traduzem em 1.228 unidades individuais, com usos industrial, comercial, terrenos e residencial, incluindo estacionamentos”.
Esta quarta-feira, o banco liderado por António Ramalho teve de comunicar à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários que “o valor de venda da carteira a entidades indiretamente detidas por fundos geridos pela Cerberus Capital Management, L.P., ascendeu a 159 milhões de euros”.
É um terço do valor bruto contabilístico.
Albatroz
Também na segunda-feira, o Novo Banco anunciara que a sua sucursal espanhola celebrou um contrato de compra e venda com a também americana Waterfall. A carteira de ativos imobiliários e crédito não produtivo “tem um valor bruto contabilístico para o Novo Banco, ao nível consolidado, de 308 milhões de euros”.
Esta quarta-feira, veio nova comunicação: “Informa-se que o valor de venda da carteira à Waterfall Asset Management L.L.C., ascendeu a 98,7 milhões de euros”.
Mais uma vez, um terço do valor.
E as perdas
No comunicado desta quarta-feira, o Novo Banco acrescenta que “estas operações não tiveram efeitos adicionais na conta de exploração face à valorização dos ativos nas contas do Novo Banco de 30 de junho de 2019 na medida em que já refletem o montante de 228,7 milhões de euros de provisões no semestre relacionadas com as referidas vendas de ativos”.
Quer este número dizer que parte dos créditos e dos imóveis já estava coberta por imparidades ou provisões, já que este montante de perdas registado no semestre é inferior ao diferencial entre o valor contabilístico e o preço acordado.
Estas perdas agora verificadas contribuíram para os prejuízos de 400 milhões de euros no primeiro semestre e para a estimativa de que, com base nas contas de junho, o Novo Banco precisaria de 541 milhões do Fundo de Resolução para manter os seus rácios de capital.
O Novo Banco tem compromissos de redução de ativos problemáticos do seu balanço, pelo que tem optado por fazer vendas de grandes carteiras. Como o prazo para a concretização apertado e qa dimensão expressiva, as operações tendem a ser feitas com descontos elevados.