O Santander Totta vai começar a cobrar pelos serviços MB Way. Os clientes jovens com cartões do banco ficarão isentos, como já anunciado. Há custos para quem usa a aplicação gerida pela SIBS, mas também na aplicação do banco há clientes que vão ter de pagar.
É a 10 de setembro que entra em vigor o novo preçário do Santander Totta, disponibilizado agora no site oficial, como noticiou o jornal Eco e consultou o Expresso esta segunda-feira, 1 de julho.
O aviso já tinha sido deixado pelo presidente do banco na conferência de apresentação de resultados, em maio, que tinha remetido para julho as novidades. E elas chegaram.
Que custos são estes
As transferências pela aplicação MB Way, que é gerida pela SIBS, só serão isentas de custos para os clientes com cartões Stream, Maestro Jovem, #U e #Global U. São os clientes jovens e universitários.
Quem tenha outros cartões e faça a sua transferência pela aplicação da MB Way vai ter de pagar: 0,90 euros por transação, a que acresce o imposto de selo de 4%. São 0,936 euros.
As transferências MB Way que forem feitas pela aplicação do Santander têm um leque de isenções mais alargado, mas também haverá custos para alguns clientes.
Os universitários com aqueles cartões e também os clientes com o cartão de crédito Mundo 123 estão isentos das transações praticadas através da aplicação própria do banco.
Quem tenha outros cartões está limitado nas operações que pode fazer sem custos mesmo através da aplicação do banco: até três transferências por mês ou de montante igual ou inferior a 50 euros, não há qualquer custo. Já quando fizer mais de três operações por mês ou quando fizer transações de valores acima de 50 euros, o cliente tem de pagar 0,45 euros, acrescido do imposto de selo a uma taxa de 4%. São 0,468 euros.
Pedro Castro e Almeida tinha já dito que a cobrança no MB Way iria deixar de lado os universitários e acabaria por ser imputada aos clientes com contas ativas mas sem grande ligação ao banco. “Com conta ativa, esse cliente não irá pagar em todas as transferências que quiser. O que podemos ter é, num conjunto de clientes que podem ter um cartão nosso, mas que não têm contas ativas, [um limite ao] conjunto de operações sem pagar”, explicou o CEO do banco de capitais espanhóis em maio.
Caminho iniciado pelo BPI tem seguidores
O Santander segue-se, assim, a outros bancos que decidiram que iriam começar a cobrar pelas transferências MB Way. Em fevereiro, eram 22 os bancos que proporcionavam os serviços MB Way, sendo que, embora alguns tivessem tarifários, não havia lugar a cobrança. A decisão de exigir um pagamento pelo serviço prestado foi tomada inicialmente pelo BPI, sendo que BCP e Crédito Agrícola também já começaram a cobrar no mês passado.
Na sua grande maioria, estes bancos imputam encargos aos clientes que utilizam a aplicação MB Way, acabando por querer que utilizem as suas aplicações próprias para, aí sim, fazerem as suas transações. Isso é visível no caso do BPI, que isenta de custos todas as transferências feitas na sua aplicação própria e coloca um custo de 1,20 euros naquelas que são feitas na aplicação da SIBS.
No BCP, há isenções para contas com “soluções integradas”: Programa Prestige, Prestige Direto, Portugal Prestige, Cliente Frequente e Millennium Go ou para clientes com até 23 anos. Esta isenção acontece para quem utiliza a aplicação própria ou a aplicação da SIBS.
Contudo, para os clientes do banco que não se enquadrem nestes programas, há um custo de 0,50 euros na utilização da aplicação própria ou 1,20 euros para a aplicação MB Way, ambos acrescidos de imposto de selo (0,52 e 1,248 euros).
Já no seu preçário, o Crédito Agrícola diz que estão isentas as transferências feitas na sua aplicação e fala num custo de 0,25 euros quando é usada a aplicação da SIBS, acrescido do selo (0,26 euros).
As razões
As instituições financeiras têm carregado nas comissões para conseguirem obter maiores proveitos que compensem a estreita margem financeira (diferença entre juros recebidos em créditos e juros pagos em depósitos), estrangulada pela política monetária determinada pelo Banco Central Europeu (BCE) – a CGD, na semana passada, anunciou que iria mesmo esmagar os juros nos depósitos, impondo também um teto de 1 euro abaixo do qual não paga juros aos clientes, de forma a tentar melhorar a sua base de negócio.
Um dos esforços feitos pelos bancos é imporem novas comissões, mas é também cobrar em serviços que pretendem descontinuar – por exemplo, nos cheques, como o BCP vai fazer, como revelou o Expresso. As comissões também servem para o banco conseguir dar mais força a determinado serviço – quando querem conduzir clientes para contas-pacote, por exemplo.