Quer passar um cheque? Fique a saber que vai ficar mais caro fazê-lo aos balcões do Banco Comercial Português. O banco presidido por Miguel Maya vai aumentar as comissões associadas à requisição e entrega dos cheques. Ainda este verão.
“A partir de 9 de agosto de 2019, o Millennium bcp vai proceder a alterações no preçário”, anuncia o folheto de comissões e despesas divulgado pela instituição financeira na sua página eletrónica. As modificações futuras dizem respeito a requisição e entrega de módulos de cheque, tanto de particulares como de outro tipo de clientes (empresas).
Um cliente particular que fizesse a requisição de um módulo de cinco cheques, com ou sem data de validade, pagava, até aqui, 10 euros, acrescido do imposto do selo de 5 cêntimos por cheque e imposto do selo de 4% sobre esta comissão, segundo o preçário em vigor desde maio de 2018. A partir de agosto, o valor de base subirá para 11,50 euros. É um aumento de 15%.
São, sobretudo, subidas acima de 10% aquelas que são registadas no novo preçário – aliás, com este agravamento, o BCP aproxima-se, ainda que em muitos casos ficando abaixo dos preços praticados pela Caixa Geral de Depósitos desde que o banco público praticou uma subida, em abril passado.
Também clientes empresariais do BCP vão sofrer. Um cheque empresa (de 500 unidades) custava 475 euros, avançando agora 25 euros (ou 5%), para 500 euros, também antes da carga fiscal. E acima deste encargo ainda há "custos de produção a cobrar pela gráfica".
Estão em causa agravamentos nos cheques cruzados e não cruzados, à ordem e não à ordem, com ou sem data de validade.
Há aqui um maior encargo para a utilização de cheques, que tem vindo a recuar continuadamente no país (tanto em número como em montante), o que acaba por servir de incentivo para outros serviços prestados pelo banco.
O Expresso questionou o BCP sobre o motivo para esta decisão de gestão, mas ainda não obteve resposta.
A solução da banca para escapar à quebra da margem
A banca tem vindo a praticar alterações nos preçários dos seus serviços – o sector defende que deve cobrar pelos serviços que presta, mesmo aqueles que começaram por ser gratuitos. Aliás, foi isso que aconteceu no MB Way e é por isso que Miguel Maya assume que os levantamentos em caixas automáticas deviam ser taxados no atual contexto europeu (uma ideia que partilha com os concorrentes).
Os bancos têm procurado encontrar novas fontes de receitas, devido ao estreitamento da margem financeira (diferença entre juros recebidos em créditos e juros pagos em depósitos) causado pela política monetária levada a cabo pelo Banco Central Europeu (BCE), que tem a taxa de juro diretora em mínimos históricos. A CGD, por exemplo, vai baixar os juros pagos nos depósitos e impor um limite mínimo (1 euro) abaixo do qual não paga juros, como o Expresso avançou esta segunda-feira.
Mas a subida das comissões tem sido a alternativa preferida para os bancos conseguirem fugir a este estrangulamento da margem financeira, que é a base do negócio bancário. O BCP, por exemplo, reduziu as isenções de comissões nos clientes.