O cenário para 2019 e 2020 apresentado esta segunda-feira por Mário Centeno no Programa de Estabilidade 2019-2023 (PE) é considerado "como um cenário provável" pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP). No entanto, sublinha que "não [é] o mais provável", face às previsões mais pessimistas avançadas este ano pela Comissão Europeia e pelo Banco de Portugal e na semana passada pelo Fundo Monetário Internacional.
O Conselho dirigido pela economista Nazaré Costa Cabral considera que as previsões apresentadas pelo governo se "encontram dentro do limite de serem consideradas como prováveis, ainda que sujeitas a riscos descendentes", nomeadamente externos, onde há um enorme grau de incerteza sobre os desfechos do Brexit e da guerra comercial, e do andamento de economias na zona euro que são clientes importantes de Portugal (como a Alemanha).
Onde o CFP não acredita nas projeções de Centeno é no horizonte de médio prazo até 2023, considerando que o exercício de Centeno revela uma "divergência significativa face às demais previsões e projeções, tanto no que diz respeito ao crescimento do produto, como em relação à trajetória de aceleração". O Conselho acusa essa parte do PE como revelando um cenário macroeconómico que nem é provável nem prudente. O documento do CFP considera "otimistas" a previsão de crescimento do consumo privado e a projeção de uma continuação da tendência de dinamismo das exportações.