Economia

Salários na área da engenharia sobem 15% num ano

No último ano, a contratação de engenheiros disparou no mercado nacional, aumentando os salários

nuno fox

A dinâmica das contratações é transversal à larga maioria das especialidades de engenharia, mas o aumento do interesse das empresas nota-se sobretudo entre os engenheiros de processo (com aumentos de 25%), os que asseguram a áreas de manutenção (25%) e de produção (20%) na indústria. Os dados são da consultora de recrutamento Michael Page e constam de um estudo focado no recrutamento nas áreas da engenharia que estará concluído no início do próximo ano.

“Os perfis de engenharia têm atualmente muita procura”, explica João Santos, consultor sénior da Michael Page Engineering & Property, no Porto. O especialista em recrutamento avança que desde novembro de 2016 até agora a procura de perfis de engenharia por parte das empresas quase duplicou e com ela, aumentaram os salários. De um modo genérico, um engenheiro ganha, atualmente, segundo João Santos, cerca de 15% mais do que ganhava em novembro de 2016.

No sector da indústria, por exemplo, as conclusões preliminares do estudo revelam que, na cidade de Lisboa, um responsável de manutenção poderá ganhar atualmente entre €40 a €60 mil brutos anuais. No Porto, e para a mesma função, o salário máximo baixa para os €58 mil anuais ainda que o patamar mínimo praticado para esta função seja €44 mil brutos anuais, mais €4 mil do que em Lisboa.

Ainda na indústria, o salário de um engenheiro de processos varia entre €26 mil e €42 mil brutos anuais, na capital, e os €23 mil e €39 mil na cidade do Porto. Engenheiros da qualidade podem ganhar, em Lisboa, entre €28 mil e €34 mil brutos anuais e, na Invicta, entre €24 mil e €32 mil brutos por ano.

Construção paga pior

No sector da construção, os patamares salariais ficam bem abaixo dos praticados na indústria. Os dados do estudo salarial realizado pela Michael Page apontam para salários que podem variar, por exemplo, entre €31 mil e €45 mil brutos anuais para um chefe de obra que trabalhe em Lisboa. No Porto, o patamar máximo salarial para essa função baixa €2 mil, fixando-se nos €43 mil brutos anuais.

Se falarmos de um engenheiro que exerça funções num gabinete técnico, o salário varia segundo as contas da consultora entre €22.500 euros e €30 mil brutos anuais para Lisboa, e €15 mil e €25 mil, no Porto. Um responsável por esse mesmo gabinete técnico na capital do país pode levar para casa, a cada ano, entre €28 e €35 mil brutos. Na cidade Invicta, o patamar mínimo salarial associado à função é €4 mil abaixo do praticado em Lisboa, totalizando €24 mil brutos anuais.

João Santos explica que, além das Tecnologias de Informação, as empresas querem sobretudo engenheiros de manutenção, de processos, de qualidade, engenheiros eletrotécnicos, de mecânica e industriais, a par de engenheiros civis para o sector da construção, hoje muito impulsionado pela dinâmica da reabilitação e construção de edifícios.

A este cenário, Pedro Mira Martins, gestor executivo (executive manager) pela divisão de Engineering & Property, em Lisboa, acrescenta novas exigências no campo das competências por parte das empresas e novos requisitos salariais por parte dos profissionais. “As empresas valorizam candidatos com background técnico, com competências comunicacionais e de relacionamento interpessoal e que saibam idiomas”, explica, acrescentando que, do lado dos candidatos, e com muita oferta disponível, a tendência é para que “privilegiem um pacote salarial que inclua também remuneração variável, bem como flexibilidade horária e seguro de saúde”.