ARQUIVO Um mês com o salário mínimo

'B' de bancarrota

Mesmo poupando na comida, supermercado e transportes, já gastei €250. É demasiado dinheiro para quem tem de pagar uma renda mensal da casa.

Com o novo ano, o salário mínimo subiu para os 450 euros. O repórter do Expresso Hugo Franco vai contar diariamente como é viver com este dinheiro. Não é comum o jornalista tornar-se notícia. Mas abrimos uma excepção...

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Nem ao meio do mês cheguei e já gastei €250. O plano b), aquele em que contabilizava uma renda de casa no valor de €250 ficou gorado. A partir de agora vou continuar a reportagem na primeira pessoa apenas com o plano a), que como expliquei no primeiro post, não conta com nenhuma renda de casa. Ou seja, vivo como se estivesse ainda em casa dos pais.

A primeira conclusão que cheguei é que não é fácil poupar: Os bens de supermercado são caros, mesmo só comprando marcas brancas. Mesmo andando quase só de transportes públicos e de boleias de colegas, o dinheiro parece que se escoa sem darmos por isso. E mesmo só comendo na cantina ou em fast-food no centro comercial, não gastarei menos de de €130.

A segunda conclusão: não fui completamente poupado. Na passagem de ano gastei muito mais do que aquilo que podia uma pessoa que vive realmente com este salário. E ainda cometi outro excesso "burguês": fui a um jantar no Bairro Alto, onde gastei €20.

Terceira conclusão: há muitas vantagens, até ecológicas, em gastar menos dinheiro do que aquilo a que estamos habituados. Poupar na água, electricidade e gás, por exemplo, é um dever que todos deveríamos seguir. Andar de carro sozinho, como o fazem milhões de portugueses, é um luxo.

Quarta conclusão: os casos de pessoas que vivem com este salário e que me têm escrito para o e-mail impressionam apenas quem não está atento a esta realidade. O instinto de sobrevivência de quem vive com cerca de €450 é brutal. Não tenho outro adjectivo para defini-lo.

Saldo actual: €198,5.

Conte o seu caso para o meu e-mail, hfranco@expresso.impresa.pt