ARQUIVO Caso BPN

Cadilhe considera baixo valor de venda do BPN

A administração de Miguel Cadilhe no BPN denunciou vários crimes financeiros envolvendo três quadros superiores do banco. Clique para visitar o dossiê Caso BPN

O presidente do BPN à época da nacionalização, Miguel Cadilhe, disse hoje que, se fosse governante, não venderia o banco por 40 milhões de euros, tendo em conta as condições contratuais de alienação ao luso-angolano Banco BIC. 

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"Vendo por fora, não venderia por 40 milhões de euros com as condições contratuais que acompanham esse preço", disse Miguel Cadilhe na comissão parlamentar de inquérito à nacionalização e reprivatização do BPN. 

Miguel Cadilhe, que foi presidente do BPN durante cinco meses em 2008 e saiu com o anúncio da nacionalização pelos então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, defendeu que a melhor solução quatro anos depois teria sido a integração na Caixa Geral de Depósitos (CGD).

"Não teria feito [a venda]. É uma das razoes por que digo que, chegado ao que chegou, o BPN nacionalizado devia ser integrado na CGD", defendeu, perante perguntas do deputado do Bloco de Esquerda João Semedo.

Mira Amaral de parabéns 

Já questionado pelo bloquista sobre se compraria o banco por 40 milhões de euros, Cadilhe remeteu para declarações que fez a um jornal aquando do anúncio do negócio e em que disse que "o engenheiro Mira Amaral [presidente do banco BIC] estava de parabéns por ter conseguido esse desempenho". 

Ministro das Finanças entre novembro de 1985 e janeiro de 1990, num Governo de Cavaco Silva, Cadilhe foi eleito presidente do grupo SLN/BPN em junho de 2008 e em outubro a sua administração denunciou vários crimes financeiros alegadamente praticados ao nível da gestão do banco, envolvendo três quadros superiores. Em novembro daquele ano, o Governo revelou que ia propor ao Parlamento a nacionalização do BPN.

Miguel Cadilhe considerou a medida "desproporcionada" e motivada por razões "políticas" e anunciou a sua saída para assim que o processo de nacionalização do banco estivesse concluído.

O responsável é a segunda personalidade a ser ouvida pela segunda comissão de inquérito parlamentar ao BPN, após as explicações da secretária de Estado do Tesouro e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, a semana passada, em que explicou a alienação do BPN ao luso-angolano BIC por 40 milhões de euros, representado em Portugal pelo ex-ministro Mira Amaral. A governante assumiu, perante os deputados, que a proposta foi baixa, mas a única credível.