ARQUIVO Morte de Bin Laden

Possível julgamento por alta traição do médico que ajudou a localizar Bin Laden

Caso seja julgado, o médico paquistanês que colaborou com a CIA poderá ser condenado a prisão perpétua ou pena de morte, por alta traição ao seu país. Clique para visitar o dossiê Morte de Bin Laden

Ana C. Oliveira (www.expresso.pt)

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O médico paquistanês Shakil Afridi, que colaborou com a CIA na operação de localização de Osama Bin Laden em Abbottabad, poderá ser julgado por alta traição, mas a decisão ainda não foi tomada, comunicou, em declarações à CNN, um oficial do Governo paquistanês que preferiu permanecer anónimo. Em outubro, a comissão paquistanesa que está a investigar a morte do líder da Al-Qaeda sugeriu que fosse aberto um processo judicial contra o médico Shakil Afridi por trabalhar para a secreta norte-americana, solicitando que o mesmo fosse julgado por alta traição, um crime que no Paquistão é penalizado com prisão perpétua ou pena de morte. Shakil Afridi organizou, a pedido da CIA, uma campanha de vacinas em Abbottabad para tentar conseguir amostras de sangue de algum familiar de Bin Laden e verificar assim a sua presença numa casa da localidade, anexa a instalações militares. O objetivo seria cruzar a informação genética com o ADN da irmã de Bin Laden que morreu em Boston, em 2010. O médico foi detido pelos serviços secretos paquistaneses poucas semanas depois da morte do líder da Al-Qaeda em maio de 2011, durante uma operação especial levada a cabo pelos Estados Unidos.

EUA defendem médico

"Estou muito preocupado com o que os paquistaneses fizeram com este indivíduo, que de facto ajudou a obter informações muito úteis no que diz respeito a esta operação. De forma nenhuma cometeu um delito de traição contra o Paquistão", disse no fim de semana o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, no programa "60 minutos" da CBS. Leon Panetta admitiu, pela primeira vez, que o médico trabalhava para a CIA e pediu a sua libertação, referindo ainda que "o Paquistão e os EUA têm uma causa comum contra o terrorismo e a Al-Qaeda". Analistas internacionais acreditam, contudo, que o Paquistão utilize a libertação do médico para exigir algo em troca dos Estados Unidos. Desde a morte de Bin Laden, as relações entre o Paquistão e os Estados Unidos registam sinais negativos, uma situação agravada pela morte de 24 soldados paquistaneses num ataque de helicópteros das Nações Unidas. Como represália, o Paquistão decidiu encerrar a fronteira aos fornecimentos da NATO aos soldados estacionados no Afeganistão e boicotar uma conferência-chave para o futuro do país em guerra.