A organização internacional Médicos Sem Fronteiras qualifica o sucedido como "uma grave manipulação do ato médico". A organização critica a estratégia da CIA - que montou no Paquistão uma falsa campanha de vacinação contra a hepatite B com o intuito de detetar o ADN de familiares de Bin Laden e conseguir assim chegar até ao líder da Al-Qaeda -, considerando que a operação ameaça futuros trabalhos de imunização em diversos pontos do mundo.
"Existe o risco de que comunidades vulneráveis de qualquer lugar, necessitadas de serviços de saúde, passem, compreensivelmente, a questionar a verdadeira motivação dos médicos e do auxílio humanitário" referiu Unii Karunakara, presidente internacional dos Médicos Sem Fronteiras, em declarações citadas pelo jornal "The Guardian".
"A consequência potencial é que mesmo os cuidados de saúde básicos, incluindo a vacinação, não alcancem aqueles que mais deles necessitam", acrescentou.
Médico foi preso
A CIA recrutou Sahkil Afridi, um médico paquistanês, e auxiliares médicos para a falsa campanha de vacinação que realizou no norte do Paquistão, na zona em que suspeitava encontrar-se Bin Laden. A ação antecedeu a operação que levaria à eliminação do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, em maio passado.
Na quinta-feira, a ação foi defendida por um responsável do executivo norte-americano, que falou sob anonimato, referindo contudo "não se tratar do tipo de ação que a CIA leve a cabo todos os dias".
O médico Afridi foi preso no final de maio pelos serviços secretos paquistaneses, por colaborar com uma agência de espionagem estrangeira. Washington está a pressionar o Paquistão para o libertar e permitir que, conjuntamente com a sua família, abandone o país para ir viver para os Estados Unidos.