Chamam-lhe Mestre e com isso torna-se redundante qualquer outro elemento identificador. Porque, no Porto, quando se fala do Mestre, pretende-se significar Júlio Resende. É um dos homens que melhor tem sabido retratar uma certa forma de ser portuense, mas nem por isso seria justo ou correcto catalogá-lo no segmento dos artistas regionalistas. O que lhe faz a grandeza é a universalidade do que desenha ou pinta.

Nascido Júlio Silva Dias, passou a adoptar o nome artístico de Júlio Resende em homenagem à mãe, Emília Resende da Silva Dias, professora de música e mulher muito dedicada às artes.

O pai de Resende vivia do pequeno comércio e ambicionava ter o filho atrás de um balcão. O rapaz sempre teve outros horizontes e cedo começou a ensaiar voos mais largos. Na infância ainda tocou violoncelo e banjo e chegou a formar, com os irmãos, um grupo de teatro infantil que durante vários anos animou as emissões do programa Rádio Clube Infantil.

Um acidente aos sete anos determinou-lhe o futuro. Ficou impossibilitado de tocar instrumentos musicais e passou a agarrar-se ao desenho. Os primeiros trocos começaram a frequentar-lhe os bolsos ainda na adolescência, graças às bandas desenhas que fazia para jornais e revistas. Durante vários anos colaborou com os seus desenhos para o jornal infantil "Papagaio".

Matriculou-se aos 20 anos na Escola de Belas Artes do Porto. Seis anos depois participava na formação do Grupo dos Independentes e em finais de 1934 tem a sua primeira exposição individual. Entre 1947 e 1948 estudou técnicas de afresco e gravura na Escola de Belas Artes de Paris. De regresso a Portugal foi para o Alentejo, onde deu aulas numa pequena escola de cerâmica. Regressa ao Porto em 1951 e dois anos depois cria as Missões Internacionais de Arte. Em 1955 toma posse como assistente de pintura na ESBAP, onde veio a ser presidente dos Conselhos Directivo e Científico. Aposentou-se da escola em 1987 e passou então a dedicar-se exclusivamente à pintura.

Em 1993 criou o Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende, em Valbom, Gondomar, onde reside.

Autor de uma vastíssima obra com incursões em diferentes áreas, é um artista representado em numerosas colecções particulares e museus espalhados um pouco por todo o mundo.

Ficha técnica do painel Ribeira Negra

Nome oficial:

Ribeira Negra

Ano:

1986

Data da Inauguração:

21 de Junho de 1987
Localização: Junto à entrada para o tabuleiro inferior da ponte D. Luiz

Dimensões:

54 m de comprimento; ocupa uma área total de 200 m2

Materiais utilizados:

Azulejos em grés

Características:

Painel de azulejos em grés. Constitui uma réplica a um trabalho feito na técnica de polivinil
Autor: Júlio Resende