Morgue da Igreja de São Patrocínio. Vela-se "Joaquina Conceição", caçadora e proprietária de uma espingardaria, a segunda pessoa mais endinheirada de Vila Catita. É irmã de "Dona Rica", esposa do magnata da terra "Zé do Tijolo", de quem tem um filho, "Zé Maria", o único que consegue ver o espírito da falecida tia, que vagueia furiosa ao ouvir a verdade desagradável do "oportunismo" de familiares e "amigos".
Se alguns esperam uma possível recompensa deixada em testamento, outros ali estão somente por que a "obrigação social" assim o exige.
Neste velório "sui generis" é notória a pouca afeição pela defunta. Aliás, o importante passa a ser o relato de futebol, os "comes e bebes", as anedotas, as coscuvilhices, os engates... com música, canto e dança pelo meio, gargalhadas e interação do público à mistura.
Digressão até Março
"Desabafos da Morta Não Falecida", da companhia teatral "Forever Mesmo Teatro", estreou no passado fim-de-semana no Auditório Carlos Paredes, em Benfica. Conta com um elenco de 15 atores amadores e profissionais.
"É uma comédia, uma sátira à vida real, ao que se passa nos velórios, principalmente entre as pessoas de mais idade e na província. Tudo é importante, menos o falecido", explica ao Expresso Manuela Passarinho, autora do texto, atriz, produtora e encenadora da primeira peça do grupo.
Questionada sobre as dificuldades em fazer nascer este projeto afirma que "o mais difícil foi a parte burocrática e convencer as entidades e patrocinadores que nos deram a apoio que a cultura é muito necessária". "É um espetáculo digno da Arte", sublinha.
Razões para ir ver a peça?
"Deixam o stress do dia-a-dia, as más notícias dos telejornais, a crise, e vêm aqui divertirem-se, descontraírem", diz em jeito de convite o ator Nuno Pereira, que veste o papel de "Dona Rica". E acrescenta João Duarte ("Zé do Tijolo"): "tentamos ironizar o comportamento das pessoas, numa situação que deveria ser de respeito, tristeza, pesar com os mortos".
Para Susana Rodrigues ("Joaquina Conceição"), o " maior desafio enquanto atriz é o contato direto e pessoal com o público". "É a primeira vez que estou em palco mas fora dele. Eu vou praticamente assistir à peça com o público. Vou conversar com o público", revela ao Expresso.
O espetáculo sobe de novo ao palco esta quinta-feira às 22h00 e fica em cena até ao próximo dia 30. Segue depois para digressão nos arredores de Lisboa. Os bilhetes custam entre €5 e €7,5.
"Desabafos da Morta Não Falecida" (M/12)
Auditório Carlos Paredes (Benfica) 27, 28, 29 janeiro (22h00) e 30 janeiro (19h00)
Teatro Gil Vicente (Cascais) 11 e 12 fevereiro
Auditório Orlando Ribeiro (Telheiras) 17, 18, 19, 24 ,25 e 26 fevereiro
SFOA (Almada) 11 março
Bombeiros Voluntários de Colares (Sintra) 26 e 27 março
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Mais informações e reservas: 968 615 404
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