Exclusivo

Teatro e dança

De África, com violência e amor: quem são Dorothée Munyaneza e Ídio Chichava, primeiros vencedores do prémio de dança Salavisa

A ruandesa Dorothée Munyaneza e o moçambicano Ídio Chichava venceram a primeira edição do SEDA – Salavisa European Dance Awards, da Gulbenkian. Esta quarta, pouco antes da cerimónia que os distinguiu, falaram com o Expresso sobre os traços bem comuns que transportam no corpo: a luta contra a violência, que é transformada pela arte em criação, poesia, solidariedade, união, celebração de vidas esquecidas e motor de transformação social

Ídio Chichava e Dorothée Munyaneza
FCG

Já estava tudo decidido. Não foi um plano de fuga, a mudança de Kigali (Ruanda) para Londres, em 1994, de Dorothée Munyaneza com os pais. Foi uma terrível coincidência. A mãe trabalhava há um ano ali e estava tudo preparado para a família se juntar. O genocídio do povo Tutsi aconteceu mesmo antes de partirem. Dorothée tinha 12 anos. Traz essa memória viva no corpo, na arte que faz, na dança, que também é música, texto, poesia. Ídio Chichava é moçambicano. Começou a dançar na escola de dança tradicional. Na viragem do século, esteve em Lisboa a participar do encontro “Dançar o que é Nosso” organizado pelas Danças na Cidade (atual Alkantara). O encontro com bailarinos de outras culturas foi um momento marcante para afirmar que era possível viver da dança aos pais e à sociedade moçambicana. Dorothée e Ídio são os vencedores ex-aequo da primeira edição do Prémio SEDA – Salavisa European Dance Awards.