Aos 87 anos, comemorados na quinta-feira passada, Júlio Pomar vê finalmente as portas abertas do seu Ateliê-Museu, na Rua do Vale, em Lisboa. O pintor esperou 13 anos pela concretização do projeto, entregue ao seu amigo Álvaro Siza Vieira.
A abertura ao público acontecerá no final de março, mas até lá a Galeria 111 avança com "Atirar a albarda ao ar" - um título que espelha o olhar crítico que o pintor dedica à atualidade politica: "Estamos a caminhar para um estado semelhante ou pior... (ao tempo de Salazar). Quando se diz aos jovens para irem para fora, quando se desinveste na educação como quem corta bifes num talho e se retira ao país possibilidades de crescimento... ".
Na entrevista ao Expresso que será publicada amanhã, no caderno Atual, falamos ainda sobre os 70 anos de carreira de Pomar, que ele não comemorou porque nem deu pela efeméride; sobre as suas "crises de retrato", que dedica aos amigos; a doença a que sobreviveu; a dificuldade em dar por acabados os quadros; ou ainda as letras de fado que tem escrito, paixão dos últimos anos que o aproximou de cantores como Cristina Branco, Carlos do Carmo e Mariza.