Cultura

“A Guerra dos Tronos”: ChatGPT consegue escrever “The Winds of Winter” e OpenAI acaba processada

A Authors Guild moveu um processo contra a OpenAI por utilização indevida de obras de ficção. Segundo o sindicato - que representa nomes como George RR Martin, John Grisham, ou Jonathan Franzen - o GPT 3.5 e o GPT 4 foram “alimentados” e “treinados” com textos protegidos, sem a autorização dos seus autores

Steve Snowden/GettyImages
Há muitos anos que George RR Martin se habituou às teorias criadas pelos fãs de “A Guerra dos Tronos”, mas o autor da obra literária - que daria origem a uma das maiores produções televisivas de sempre - nunca esperou que um dia deixassem de ser humanos a tentar adivinhar os seus próximos trabalhos.

Mas a verdade é que esse dia já terá chegado e o resultado pode prejudicar o seu próximo lançamento. Habituados a criar as suas próprias fan fictions (histórias escritas pelos próprios seguidores de determinada narrativa, a partir dos originais do autor), os fãs de “A Guerra dos Tronos” optaram desta vez por utilizar o ChatGPT para criarem as suas próprias versões do aguardado livro “The Winds of Winter” - ainda sem data de chegada às livrarias. Para isso, foram usadas informações contidas em romances anteriores de George RR Martin, que agora se sabe fazerem parte do sistema de inteligência artificial.

De acordo com a Authors Guild, que esta quarta-feira moveu um processo contra a OpenAI num tribunal de Nova Iorque, foram utilizadas cópias piratas das obras do norte-americano para “alimentar” e “treinar” sem permissão a "estrutura do GPT 3.5 e GPT 4, que alimenta o ChatGPT e milhares de aplicações e usos empresariais – dos quais a OpenAI espera ganhar muitos milhares de milhões”. Da ação coletiva fazem parte, além de George RR Martin, autores como John Grisham, Jonathan Franzen, George Saunders, Michael Connolly, Scott Turow, Jodi Picoult, ou David Baldacci, entre outros.

Em comunicado, a presidente do Authors Guild explica que este caso “é apenas o começo da nossa batalha para defender os autores contra roubo pela OpenAI e outras IAs generativas”. Enquanto “maior e mais antiga organização de escritores, com quase 14 mil membros”, o sindicato considera “estar numa posição única para representar os direitos dos autores”.

De acordo com a organização presidida por Maya Shanbhag Lang, na ação coletiva obtida pela revista “Rolling Stone”, os autores representados pretendem recorrer à Lei dos Direitos de Autor para serem ressarcidos “pelas violações flagrantes e prejudiciais dos Réus dos direitos autorais registados pelos Requerentes em obras de ficção escritas”.